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Falta de chuva ajuda companhias aéreas brasileiras em setembro

Aluísio Alves

21/10/2014 12h18

SÃO PAULO, 21 Out (Reuters) - Pelo menos um setor da economia está lucrando com a estiagem prolongada que atinge várias regiões do Brasil: as companhias aéreas. Em setembro, a procura doméstica subiu 3% em relação a um ano antes, puxada pelas viagens de passeio, informou a associação que representa o setor, nesta terça-feira.

"O clima ajudou o turismo", resumiu o presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), Eduardo Sanovicz, ao anunciar os números do setor sobre o mês passado. "Está calor, o pessoal vai viajar."

As viagens de turismo compensaram com sobras a queda na procura corporativa por bilhetes, o que a Abear atribuiu a uma combinação de menor atividade econômica e cenário eleitoral, o que tem feito decisões de negócios serem postergadas.

Viagens de lazer rendem menos que as de negócios

Em geral responsáveis por cerca de 60% da demanda, as viagens de negócios também garantem maior rentabilidade às empresas aéreas, já que o preço médio dos bilhetes é bem maior.

De todo modo, a maior atividade nas viagens de lazer ajudou as companhias aéreas a conseguirem maior planejamento das frotas, com o nível médio de ocupação dos vôos subindo 1,3 ponto percentual sobre setembro de 2013, para 78,67%.

Isso porque a oferta de assentos em aeronaves no mercado doméstico, avançou 1,3% na mesma base de comparação, menos da metade do avanço da demanda.

No acumulado de janeiro a setembro, o nível médio de ocupação, chamado de "load factor", cresceu 4,2 pontos, para 79,5%.

"Foram números saudáveis para a industria", disse o consultor técnico da Abear Maurício Emboaba.

Se por um lado, a maior participação do turismo aumentou a taxa de ocupação das aeronaves, por outro prejudicou a rentabilidade das empresas, reclamou Emboaba.

Setor reclama de impostos sobre o querosene da aviação

A entidade, que representa as companhias aéreas Gol , TAM, Azul e Avianca, reforçou o discurso para que o governo federal reveja os critérios de tributação sobre o querosene de aviação, um dos principais custos das companhias, e cuja estrutura distorcida torna as viagens mais caras do que em outros países, segundo Sanovicz.

"Durante os últimos anos, conseguimos enfrentar as adversidades da economia. Com aumento da eficiência, mas nossa lição de casa esta chegando no limite" disse a jornalistas. "Agora dependemos muito de decisões do setor público para dar previsibilidade e estabilidade" ao setor.

Procura por viagem internacional sobe quase 9%

A procura por viagens internacionais cresceu 8,7% em setembro ante mesmo mês de 2013, enquanto a oferta de assentos evoluiu 1,8% na mesma comparação. Com isso, o nível de ocupação no segmento evoluiu 5,5 pontos percentuais ano a ano, para 86,7%.

Juntas, TAM e Gol, que juntas respondem por 100% das viagens entre o Brasil e o exterior feitas por companhias do país, embarcaram 410 mil passageiros em setembro, 7,6% a mais que em igual mês do ano passado.

Segundo Sanovicz, o setor vem discutindo tomar medidas preventivas sobre eventuais casos suspeitos de ebola. O surto da doença na África nos últimos meses já matou mais de 4.500 pessoas.

"Como praticamente não temos rotas frequentes para a África, por enquanto não há preocupação, a discussão é mais sobre medidas preventivas", disse ele sem dar mais detalhes.