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Efeito de alta do dólar e receita menor fazem Fibria fechar 3o tri no vermelho

22/10/2014 08h44

SÃO PAULO (Reuters) - A produtora de celulose Fibria teve prejuízo líquido consolidado de 359,38 milhões de reais entre julho e o final de setembro, em um resultado impactado pelos efeitos da valorização do dólar contra o real na dívida da companhia e queda de receita.

O resultado reverteu lucro líquido de 631 milhões de reais obtido pela empresa no segundo trimestre, quando foi beneficiada por créditos fiscais, e ganho de 57 milhões no terceiro trimestre do ano passado.

Segundo a Fibria, maior produtora de celulose de eucalipto do mundo, além do resultado financeiro negativo de 785 milhões de reais, a variação na linha final do balanço sobre o mesmo período de 2013 foi gerada por redução da receita líquida e o aumento do custo dos produtos vendidos, que subiu 6 por cento.

Analistas do BTG Pactual afirmaram em nota que em uma primeira leitura os resultados da Fibria no terceiro trimestre vieram "ligeiramente acima do esperado (...) com despesas gerais e administrativas em linha com a expectativa".

A empresa afirmou que o custo caixa de produção ficou estável em relação ao mesmo período do ano passado, principalmente como resultado da venda de energia e de eficiência operacional.

A Fibria disse que "está preparada para enfrentar qualquer cenário adverso no que tange a possibilidade de racionamento de energia elétrica em 2014" e que de janeiro a setembro "produziu 116 por cento da energia necessária para o processo de produção de celulose".

A companhia apurou uma geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado de 613 milhões de reais, queda de 20 por cento sobre o dado registrado um ano antes. A margem no período passou de 41 para 35 por cento.

Analistas esperavam, em média, prejuízo líquido de cerca de 600 milhões de reais para a Fibria no período e Ebitda de 582,5 milhões, segundo pesquisa da Reuters.

A Fibria foi a primeira companhia do setor a divulgar resultado de terceiro trimestre. A Klabin publica seu balanço no próximo dia 28 e a Suzano Papel e Celulose informa seus números em 30 de outubro.

A companhia teve receita líquida 5 por cento menor no trimestre, a 1,75 bilhão de reais, apesar das vendas de celulose terem subido 5 por cento, a 1.372 toneladas, recorde para o período. A produção do insumo ficou estável na comparação anual, a 1,345 milhão de toneladas.

"A demanda por celulose de eucalipto se manteve a níveis bem acima da sazonalidade em todos os mercados, sendo o mercado chinês o destaque do terceiro trimestre", afirmou a Fibria no balanço.

A empresa afirmou que apesar do início de novas capacidades de celulose durante o primeiro semestre, fechamentos de fábricas do setor e bom desempenho da demanda "contribuirão para o clima mais otimista esperado para os próximos meses, quando a demanda é sazonalmente mais elevada".

A dívida líquida da Fibria encerrou o trimestre passado em 2,984 bilhões de dólares, queda de 19 por cento sobre o período de julho a setembro de 2013 e no menor patamar desde a criação da empresa.

A empresa investiu 444 milhões de reais no terceiro trimestre, um aumento de 29 por cento sobre o volume de recursos de um ano antes gerado por compras maiores de madeira em pé, depois que a empresa concluiu a venda de terras à Parkia Participações.

(Por Alberto Alerigi Jr., com reportagem adicional de Paula Laier)