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Bovespa sobe 2,5% e retoma 52 mil pontos com alta dos bancos, após BC elevar juros

30/10/2014 17h41

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice da Bovespa recuperou o patamar de 52 mil pontos nesta quinta-feira, após o Banco Central surpreender o mercado com uma alta da taxa básica de juros, decisão entendida por agentes financeiros como um primeiro sinal de disposição de mudanças na política econômica no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff.

Balanços do terceiro trimestre de gigantes como Bradesco e Vale também repercutiram, assim como especulações sobre reajuste de combustíveis pela Petrobras e a oferta de permuta de units do Santander Brasil por recibos de ações do controlador, que ajudou a inflar o volume financeiro da sessão.

O Ibovespa encerrou em alta de 2,52 por cento, a 52.336 pontos. O giro financeiro do pregão totalizou 13 bilhões de reais.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC anunciou na noite de quarta-feira a elevação da taxa Selic de 11 para 11,25 por cento, numa decisão dividida, alegando que aumentaram os riscos para a inflação.

De acordo com profissionais do mercado ouvidos pela Reuters, a decisão ajuda a "comprar a ideia" de uma guinada na atual política monetária, buscando reforçar a credibilidade do BC e do sistema de metas de inflação, e alimenta perspectivas de mudanças também na política fiscal.

Operadores e analistas vinham manifestando descontentamento com as diretrizes do governo para a economia, em meio a um quadro de baixo crescimento, inflação no limite da meta e desempenho ruim das contas públicas.

Na visão do economista Samuel Kinoshita, sócio na MVP Capital Gestão de Recursos, o fato de o Copom ter agido antes do esperado é um alento e confere maior credibilidade ao BC, o que favorece queda nos juros futuros longos, importantes para a bolsa por causa do cenário para os investimentos e consumo.

"Mas não é só isso. Há um cenário mais construtivo do que o mercado imaginou há poucos dias se revelando agora. Se vai se manter assim ou não, dependerá dos próximos passos e medidas efetivamente implementadas. Mas as indicações iniciais são melhores do que o esperado", observou Kinoshita.

A decisão do Copom corroborou apostas relacionadas a um possível aumento nesta semana dos preços de combustíveis pela Petrobras, cujo Conselho de Administração se reúne na sexta-feira.

O BTG Pactual avalia maior chance de aumento dos combustíveis no fim de novembro, mas o analista Gustavo Gattass acredita não ser o momento para ficar vendido em Petrobras. Ele ainda ponderou que um reajuste por si só não resolve o problema de caixa da estatal, conforme nota a clientes.

Ações do setor bancário avançaram com força e responderam pela principal influência positiva, após a alta dos juros, com o resultado trimestral do Bradesco, avaliado positivamente por analistas, ajudando a impulsionar ganhos dos seus pares, como o Itaú Unibanco e o Banco do Brasil.

Santander Brasil mostrou uma valorização mais tímida, em sessão marcada pela oferta de permuta de units e ações do grupo brasileiro por recibos de ações do controlador espanhol Santander, em que conseguiu trocar 56,5 por cento das units na Bovespa. A conclusão da operação ainda depende da aceitação de estrangeiros via ADRs.

Ações que costumam sofrer com aumento de juros, como as dos setores de consumo e de construção, também se apreciaram, com investidores preferindo mirar o longo prazo e avaliando que a decisão do BC ajuda a colocar a confiança no país novamente nos trilhos.

Os papéis da Vale, por sua vez, destoaram da tendência e fecharam em queda superior a 4 por cento, após a mineradora divulgar prejuízo de 3,381 bilhões de reais entre julho e setembro.

Ainda nesta quinta-feira, são aguardados os desempenhos trimestrais de BRF, Pão de Açúcar, EDP Energias do Brasil, Suzano e PDG Realty. Na sexta-feira, Ambev apresenta seu resultado antes da abertura do pregão.