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DIs curtos sobem forte, com Selic maior e expectativa de mais aperto monetário

30/10/2014 10h14

Por Bruno Federowski

SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos contratos de juros futuros curtos subiam com força nesta quinta-feira, após o Banco Central surpreender e elevar a Selic em 0,25 ponto percentual, a 11,25 por cento, enquanto os DIs longos recuavam, ajustando-se ao cenário de política monetária mais apertada no curto prazo.

Para sua decisão, tomada três dias após a reeleição da presidente Dilma Rousseff, o BC argumentou que aumentaram os riscos para a inflação.

Especialistas entenderam que o movimento pode ser sinal de que a política econômica no segundo mandato da petista tende ser diferente da feita até agora, muito criticada por causar inflação elevada e baixo crescimento.

"O mercado está comprando a ideia de mudança na gestão, para uma administração mais amigável ao mercado", afirmou o sócio-gestor da Leme Investimentos, Paulo Petrassi. "Mostra uma preocupação com a inflação, que pode se refletir também numa política fiscal mais apertada daqui para frente".

O movimento desta sessão interrompeu o marasmo de meses da ponta curta da curva de DIs, uma vez que investidores vinham amplamente apostando que o próximo aperto monetário começaria apenas no ano que vem e seria de 1 ponto percentual ao todo.

Nesta sessão, essas expectativas precisavam ser ajustadas, com os juros futuros passando a embutir alta de 1,75 ponto percentual da Selic ao todo.

Os DIs chegaram a indicar um aperto dessa magnitude em alguns momentos deste mês, mas o movimento havia refletido apostas de que o próximo presidente do Brasil seria Aécio Neves (PSDB), que prometia uma política econômica mais ortodoxa.

"Mas o mercado está um pouco defensivo, porque vai esperar a ata (do Copom, na próxima semana) e mais comunicações do BC", acrescentou Petrassi, que espera um aperto monetário de 1,50 ponto percentual ao todo.

Agora, o mercado aguarda a nomeação do próximo ministro da Fazenda para ver se o governo dará mais indicações de que pretende mudar a gestão econômica. O mercado quer mais sinais de comprometimento com metas fiscais, num momento em que as contas públicas são criticadas por serem excessivamente expansionistas e pouco transparentes.

"O mercado parece estar animado, mas eu só vou me convencer quando vir números mostrando que as coisas de fato vão melhorar", disse o tesoureiro de uma gestora de recursos nacional.

O contrato para janeiro de 2015 avançava 0,312 ponto percentual, a 11,245 por cento, enquanto o DI para janeiro de 2021 caía 0,08 ponto. (Veja tabela)

Segundo analistas, a baixa da ponta longa reflete expectativas de que a política monetária mais rígida no curto prazo abra espaço para juros mais baixos no longo prazo.