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Fonte solar surpreende no leilão de energia mais competitivo do país

31/10/2014 21h13

Por Anna Flávia Rochas

SÃO PAULO (Reuters) - A energia solar vendeu nesta sexta-feira 1.048 MW de capacidade instalada de 31 novos projetos, em seu primeiro leilão público nacional em que não teve que disputar com outras fontes mais competitivas, num resultado acima do esperado.

O leilão foi o mais competitivo entre os já realizados no país, com 104 rodadas de lances.

Os projetos solares vão injetar cerca de 889,7 MW na rede elétrica brasileira a partir de 2017, informaram a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

"Esse leilão é um marco no setor elétrico brasileiro. Contratou-se energia solar com um dos menores preços que temos conhecimento no mundo. Isso coloca o Brasil como uma das fronteiras da expansão da energia solar", disse o presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, em coletiva de imprensa após o leilão.

O executivo sinalizou que a contratação de energia solar continuará a ocorrer anualmente.

O preço-médio da energia solar praticado no leilão ficou em 215,12 reais por megawatt-hora (MWh), deságio de 17,89 por cento frente ao preço teto de 262 reais permitido para a fonte. O total de energia vendida dessa fonte foi de 202,1 megawatts médios.

Tolmasquim sinalizou que a fonte solar deve continuar a ter chance de vender energia sem competição com outras fontes em leilões futuros. "A eólica e a solar estão com preços muito distantes", disse. "Sempre que necessário, deve-se fazer leilões por fonte", completou.

Tolmasquim disse que o leilão foi importante para ter uma sensibilidade sobre os preços que podem ser praticados pela energia solar no país. "Claro que vamos ajustar o preço-teto com as informações que saíram desse leilão", declarou, completando que a tendência é de queda no preço-teto no futuro.

O mercado esperava desde meados do ano que pelo menos 500 MW e no máximo 1.000 MW de energia solar fossem viabilizados no leilão. Mais recentemente, no entanto, esperava-se a contratação mais próxima dos 500 MW, com baixo deságio, diante das incertezas em relação ao fornecimento de equipamentos nacionais e alta do dólar.

O país só tem uma fábrica de módulos solares e alguns componentes das usinas são importados. Fabricantes internacionais aguardavam o resultado do leilão para definir se instalarão fábricas no país.

Os parques solares vencedores estão localizados nos Estados de São Paulo, Bahia, Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Goiás, Ceará, Paraíba. A Renova Energia está entre as vencedoras, vendendo 21,8 MW médios e 106,9 MW de capacidade instalada de energia a serem gerados por quatro parques solares na Bahia, informou a empresa.

O presidente da Renova Energia, Mathias Becker, disse que fechou acordo com a SunEdison para o fornecimento dos módulos solares, que serão fabricados no Brasil. "O que nos ajudou a chegar a esse preço foi uma parceria muito próxima com os fornecedores por vários meses", disse ele, ao acrescentar que as empresas também trabalharam juntas na concepção do projeto de engenharia.

Becker garantiu que o preço de energia solar que a Renova vendeu no leilão, de 220,30 reais por MWh, garante uma taxa de retorno de dois dígitos.

EÓLICA

A energia eólica vendeu 333,2 MW médios, no total de 769,1 MW de usinas. O preço médio foi de 142,34 reais por MWh, desconto de 1,15 por cento ante o preço teto permitido de 144 reais. A fonte vendeu energia de 31 projetos na Bahia, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Piauí. A Renova também vendeu energia eólica de plantas na Bahia: foram 20,9 MW médios e 43,5 MW de capacidade instalada.

Termelétricas a biomassa de resíduos sólidos não venderam energia no leilão.

O leilão negociou 15,9 bilhões de reais em contratos de energia, que serão assinados por 20 anos. A energia precisa começar a ser entregue em outubro de 2017.

(Por Anna Flávia Rochas, edição Alberto Alerigi Jr. e Luciana Bruno)