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CÂMBIO-Dólar sobe mais de 1% ante real e crava 3º mês de alta, de olho em BC

28/11/2014 17h12

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou com alta de mais de 1 por cento nesta sexta-feira e cravou o terceiro mês seguido de ganhos, ainda refletindo as dúvidas sobre a continuidade do programa de vendas diárias de swap cambial no ano que vem, após o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmar na véspera que o estoque de derivativos cambiais já atende à demanda por proteção.

Segundo analistas, a trajetória do câmbio no curto prazo será definida pelas sinalizações da autoridade monetária sobre sua intervenção no câmbio e pela capacidade da nova equipe econômica de sustentar a confiança do mercado.

A moeda norte-americana subiu 1,66 por cento, a 2,5716 reais na venda, após subir mais de 2 por cento na máxima da sessão. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro estava em torno de 1,1 bilhão dólares.

Em novembro, a divisa avançou 3,75 por cento, acumulando alta de quase 15 por cento nos últimos três meses.

"O mercado vai observar o BC de perto. Neste momento, está claro que não falta liquidez, mas podemos ver alguma tensão inicial se as ofertas de fato acabarem", disse o sócio-gestor da Queluz Asset Management, Luiz Monteiro, que acredita que o BC reduzirá "de forma significativa" a atuação.

Em entrevista coletiva logo após o anúncio de que Tombini continuará como presidente do Banco Central no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, ele afirmou que o atual estoque de swaps cambiais --que na véspera equivalia a posição vendida de cerca de 105 bilhões de dólares-- "já atende de forma significativa" à demanda por proteção cambial da economia.

Mas Tombini negou, em vídeo publicado na página da internet do Palácio do Planalto, que teria sinalizado mudança no programa de intervenção no câmbio.

O BC vem intervindo diariamente no câmbio desde agosto do ano passado para oferecer hedge cambial e limitar a volatilidade. Atualmente, atua por meio de vendas diárias de até 4 mil swaps que devem continuar "pelo menos" até 31 de dezembro.

Se a autoridade monetária adotar a estratégia de manter esse estoque constante, como entendeu o mercado, poderia fazê-lo de duas maneiras diferentes: deixar de vender swaps diariamente e manter a rolagem integral, ou reduzir tanto a oferta diária quanto as rolagens.

"Se souber que não vai mais receber 4 mil swaps por dia no ano que vem, o investidor precisa se proteger em outros instrumentos e isso pressiona a cotação", disse o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo.

Nesta manhã, o BC vendeu a oferta total de até 4 mil swaps pelas ofertas diárias, com volume equivalente a 197,6 milhões de dólares. Foram vendidos 1,6 mil contratos para 1º de junho e 2,4 mil para 1º de setembro.

As dúvidas sobre o futuro do programa de swaps desviaram a atenção dos investidores em relação à próxima equipe econômica --que, além de Tombini, inclui Joaquim Levy e Nelson Barbosa-- e à decepção com o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.

A economia brasileira cresceu 0,1 por cento no terceiro trimestre contra os três meses anteriores, saindo por muito pouco da recessão técnica. Economistas consultados pela Reuters esperavam crescimento de 0,3 por cento.

"O PIB é um indicador de como as coisas foram. O mercado quer saber qual vai ser a postura do governo daqui para frente", disse o economista-chefe da INVX Global, Eduardo Velho.

(Por Bruno Federowski; Edição de Flavia Bohone)