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Queda do petróleo traz risco para produtores de etanol do Brasil, diz Fitch

08/01/2015 17h02

(Reuters) - A queda dos preços do petróleo para mínimas em vários anos aumentou o risco da indústria de açúcar e etanol do Brasil, apontou a agência de classificação de risco Fitch nesta quinta-feira.

Para a agência, os preços do etanol não devem ser elevados em 2015, considerando a conjuntura do mercado de gasolina, e as usinas terão que enfrentar os preços do açúcar deprimidos, com aumentos de custos.

A queda dos preços de barril de óleo, segundo a avaliação da agência, reduziu a pressão sobre a Petrobras para aumentar os preços da gasolina.

Para a Fitch, os produtores de açúcar e etanol precisariam aumentar os preços de etanol para compensar a baixa dos valores do açúcar, mas isso apenas seria possível se os preços da gasolina na bomba também fossem elevados, o que não é esperado, diante da derrocada do petróleo.

A forte desvalorização dos preços internacionais do petróleo permite que a Petrobras, pela primeira vez em anos, venda combustíveis por preços mais altos do que no exterior.

"Isso elimina as perdas da empresa causadas pela venda de gasolina e diesel a preços abaixo do mercado [nos anos anteriores]", disse a Fitch.

Segundo a agência, a Petrobras tem sido relutante em alinhar os preços domésticos da gasolina com as cotações internacionais.

Isso porque precisa realizar investimentos bilionários e vive momento conturbado, com diversas acusações de envolvimento com suposto esquema de corrupção que levaram a empresa a atrasar a publicação dos resultados do terceiro trimestre.

A Fitch também afirmou que o fato de combustíveis serem atualmente vendidos a valores mais altos do que no exterior não deverá propiciar o surgimento de concorrentes da Petrobras na importação de combustíveis no curto prazo.

Isso porque o país enfrenta gargalos de logística e o enfraquecimento contínuo do real frente ao dólar.

Alguns analistas que acompanham a Petrobras chegaram a discutir a possibilidade de a estatal reduzir preços de combustíveis para evitar a concorrência, mas alguns deles consideraram a possibilidade improvável no atual cenário.

Chegou-se a especular ainda a possibilidade da redução dos preços como oportunidade para o retorno da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), o que não traria impacto nas bombas para os combustíveis fósseis.

"A reintrodução da Cide, um imposto sobre a gasolina, poderia compensar o impacto dos preços mais baixos da gasolina na refinaria e aumentar a competitividade do etanol na bomba", ressaltou a Fitch.

"Os incentivos governamentais são necessárias para ajudar o setor (de etanol)", disse a Fitch, que espera algum alívio aos produtores com o esperado aumento da mistura obrigatória de etanol anidro na gasolina para 27,5 por cento, de 25 por cento.

(Por Marta Nogueira)