IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

Lucro da Shell decepciona com colapso no rendimento da produção de petróleo

29/01/2015 11h44

Por Ron Bousso e Karolin Schaps

LONDRES (Reuters) - A petroleira angloholandesa Shell culpou baixas contábeis e perdas cambiais por não lucrar quase nada com a produção de petróleo, sua divisão mais poderosa, no último trimestre de 2014, levando a companhia a ficar abaixo da previsão de lucro em mais de 20 por cento.

A Shell, maior empresa de energia da Europa, também anunciou nesta quinta-feira um corte relativamente modesto de 15 bilhões de dólares em três anos nos gastos como forma de ajudar a enfrentar a queda nos preços do petróleo.

"Nós estamos assumindo uma abordagem prudente e precisamos ser cuidadosos para não exagerar na reação à recente queda nos preços do petróleo", disse o presidente-executivo Ben van Beurden.

A companhia também manteve dividendos inalterados para acalmar investidores, mas as ações caíram quatro por centro, pressionadas pela decepção com os lucros.

O lucro líquido ajustado da Shell no quatro trimestre de 2014 ficou em 3,3 bilhões de dólares, afetado por um lucro abaixo do esperado na produção de petróleo e gás.

"O lucro com upstream (cadeia produtiva que antecede o refino), de 1,7 bilhão de dólares, ficou bem abaixo da nossa expectativa e do consenso do mercado, de 2,8 bilhões de dólares", disseram analistas do Morgan Stanley em uma nota.

"A produção integrada de gás respondeu por 1,6 bilhão de dólares dos lucros, indicando que as outras atividades de produção da Shell geraram praticamente nenhum lucro com o Brent ainda na média de 75 dólares por barril no quatro trimestre."

O diretor financeiro, Simon Henry, atribuiu os números abaixo da expectativa à itens não recorrentes, incluindo perdas cambiais, baixas contábeis na exploração na América do Norte e um aumento das estimativas de gastos de desmantelamento ao redor do mundo.

Ele disse que estes itens não recorrentes provavelmente não irão se repetir nos próximos trimestres.

O corte de 15 bilhões de dólares em gastos, que envolve o cancelamento e o adiamento de projetos até 2017, representa uma redução de 14 por cento por ano ante o investimento de capital de 2014, de 35 bilhões de dólares.

Trata-se de uma mudança de rumo para a Shell, que tem um dos maiores programas de investimentos da indústria do petróleo e disse em outubro que manteria seus gastos em 2015 inalterados.

A Shell manteve os dividendos do quarto trimestre inalterado ante o trimestre anterior, em 0,47 dólar por ação, e, em um raro movimento, prometeu pagar o mesmo valor no primeiro trimestre de 2015. A companhia não reduz dividendos desde 1945.

(Reportagem adicional de Dmitry Zhdannikov)