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IPCA sobe 1,24% em janeiro, maior alta em 12 anos, e supera 7% em 12 meses

Por Rodrigo Viga Gaier e Patrícia Duarte
Imagem: Por Rodrigo Viga Gaier e Patrícia Duarte

06/02/2015 09h41

Por Rodrigo Viga Gaier e Patrícia Duarte

RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - Afetada pelas tarifas de energia elétrica e transportes, além de alimentos, a inflação oficial brasileira saltou mais de 1 por cento em janeiro, no maior avanço em 12 anos, colocando pressão sobre o Banco Central na luta para conter a alta dos preços.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 1,24 por cento no mês passado, contra alta de 0,78 por cento em dezembro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira.

Trata-se do maior avanço desde fevereiro de 2003 (+1,57 por cento), no início do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Com isso, em 12 meses, o IPCA acumulou alta de 7,14 por cento até janeiro, o maior desde setembro de 2011 (7,31 por cento) e superando em muito o teto da meta do governo --de 4,5 por cento, com margem de 2 percentuais para mais ou menos. Em 2014, o índice subiu 6,41 por cento

Os números vieram exatamente em linha ao previsto por analistas em pesquisa Reuters.

"Dessa vez a seca se disseminou, piorou a qualidade dos produtos e trouxe ainda aumento na taxa de água e de energia... itens muito importantes para o consumidor", disse a economista do IBGE, Eulina Nunes dos Santos.

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Gráfico de inflação: http://link.reuters.com/kuw76s

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De acordo com o IBGE, os maiores pesos sobre a inflação oficial em janeiro vieram dos aumentos nos gastos com Alimentação e Bebidas (1,48 por cento), Habitação (2,42 por cento) e Transportes (1,83 por cento) que, juntos, foram responsáveis por 85 por cento do índice do mês (ou 1,06 ponto percentual).

Dentre o grupo Alimentação, destaque para as altas nos preços da batata-inglesa (38,09 por cento), feijão-carioca (17,95 por cento) e o tomate (12,35 por cento).

Já os preços administrados, segundo o IBGE, subiram 2,50 por cento em janeiro, com altas superiores a 8 por cento em transporte (como trem e ônibus urbano) e energia elétrica residencial.

As tarifas de energia subiram muito após o governo iniciar o uso da bandeira tarifária, que repassa ao consumidor os custos maiores de geração diante da falta de chuvas.

E mais saltos devem ocorrer em fevereiro entre os preços administrados, com o aumento de tributos sobre a gasolina.

O próprio BC elevou sua estimativa da alta dos preços administrados em 2015 para 9,3 por cento através da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) e considerou que os avanços no combate à inflação não foram suficientes.

"A inflação em fevereiro deve ser um pouco mais baixa do que agora (janeiro), mas importante", afirmou o economista-chefe do banco Fator, José Francisco Gonçalves, para quem o IPCA em 12 meses não voltará a ficar abaixo do teto da meta em nenhum momento de 2015.

O BC iniciou processo de aperto monetário em outubro passado e já elevou a Selic a 12,25 por cento ao ano. O mercado acredita que a taxa básica de juros voltará a subir na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), mesmo com a atividade econômica fraca.

Pesquisa Focus do Banco Central aponta que os agentes econômicos preveem que o IPCA vai encerrar este ano em 7 por cento.

(Reportagem adicionial de Walter Brandimarte e Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro)