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Vale produz volume recorde de minério de ferro em 2014; torna-se a maior em níquel

Por Marta Nogueira e Stephen Eisenhammer
Imagem: Por Marta Nogueira e Stephen Eisenhammer

19/02/2015 09h54

Por Marta Nogueira e Stephen Eisenhammer

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Vale produziu recorde de 319,2 milhões de toneladas de minério de ferro em 2014, superando sua meta de extração para o ano e contribuindo para aumentar o excedente do produto no mercado global, onde os preços oscilam perto da mínima em quase seis anos.

O volume de minério de ferro produzido pela Vale, que exclui a produção atribuível à Samarco, foi 6,5 por cento superior ao registrado em 2013, informou a mineradora nesta quinta-feira.

A meta da Vale, maior produtora global de minério de ferro, matéria-prima do aço, era elevar a produção em 4 por cento para 312 milhões de toneladas.

Para 2015, a meta divulgada em dezembro é produzir 340 milhões de toneladas de minério de ferro.

A produção no quarto trimestre do ano passado somou 82,97 milhões de toneladas de minério, alta de 2,1 por cento ante o mesmo período do ano anterior e queda de 3,2 por cento em relação ao terceiro trimestre de 2014, quando a companhia registrou a melhor performance de sua história.

A empresa também bateu recorde de oferta anual de minério de ferro, de 331,6 milhões de toneladas, incluindo 12,3 milhões de toneladas adquiridas de terceiros.

Entretanto, as ações da mineradora reagiram com queda nesta quinta-feira, com as preferenciais fechando em baixa de mais de 2 por cento, segundo dados preliminares.

De acordo com analistas, o recuo das ações acontece porque, apesar dos recordes registrados, o cenário de preços do minério de ferro está muito negativo.

Segundo cálculos do analista da Planner Corretora Luiz Caetano, no quarto trimestre de 2014 os preços do minério de ferro caíram 17,7 por cento frente o terceiro trimestre e despencaram 44,8 por cento em relação ao mesmo período de 2013.

"A queda do preço eclipsa qualquer aumento de produção", afirmou Caetano.

Relatório do Citi publicado após a divulgação da produção também mostra pessimismo em relação ao cenário.

"Nós mantemos o rating de venda para a Vale, com preocupações sobre os preços do minério de ferro e fluxo de caixa", disse o texto, assinado pelos analistas Alexander Hacking e Thiago Ojea.

MAIOR PRODUTORA DE NÍQUEL

A Vale também se transformou em 2014 na maior produtora mundial de níquel, com produção de 275 mil toneladas do produto utilizado para fabricação de aço inoxidável, superando a russa Norilsk Nickel.

"Esta é a maior produção anual desde 2008, apesar de não alcançarmos nosso target para o ano de 289.000 toneladas", disse a Vale em seu relatório de produção.

A produção de níquel da Vale foi de 73,6 mil toneladas no quarto trimestre, alta de 8,4 por cento sobre o mesmo período de 2013.

Já a produção de carvão foi de 2,31 milhões de toneladas nos últimos três meses do ano, alta de 2,3 por cento ante um ano antes, enquanto a produção de cobre foi de 105,4 mil toneladas, alta de 11,4 por cento na mesma comparação.

A produção de carvão no ano somou 8,645 milhões de toneladas, queda de 1,4 por cento ante 2013 e a de cobre alcançou 379,7 mil toneladas, ganho anual de 2,6 por cento.

EFEITOS DO CÂMBIO

O presidente da Vale, Murilo Ferreira, afimou à Reuters na semana passada que a desvalorização do real frente ao dólar, junto com a queda do preço do petróleo, que reduz os gastos com combustíveis, ajuda a empresa a enfrentar o cenário de preços.

Entretanto, analistas ouvidos pela Reuters acreditam que a valorização do câmbio não será suficiente para compensar a queda dos preços do minério.

Segundo a Planner, no quarto trimestre, o dólar teve uma valorização de 11,8 por cento frente ao real.

"Em linhas gerais [a desvalorização do real] é positiva, porque a Vale é exportadora e isso tende a favorecer os seus números", acrescentou o analista da Coinvalores, Bruno Piagentini.

O analista ponderou que a variação do câmbio pode trazer um efeito contábil negativo nos resultados, ao corrigir a dívida da empresa que é praticamente toda em dólar. Entretanto, esse efeito não pode ser sentido no caixa, observou.

"O valor dessa dívida em reais vai variar de acordo com a variação do câmbio, mas não será necessariamente essa variação que você vai registrar na hora de pagar a dívida", afirmou Piagentini. "Isso vai depender de como estará o câmbio no momento de quitá-la."