IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

Governo planeja ajuste de R$ 80 bi com corte de gastos e alta de impostos, diz fonte

24/02/2015 16h04Atualizada em 24/02/2015 16h30

BRASÍLIA (Reuters) - O governo brasileiro está trabalhando em um plano de ajuste fiscal de cerca de R$ 80 bilhões que vai além de cortes de gastos, em uma tentativa de atingir a meta fiscal deste ano, disse uma fonte do governo à agência de notícias Reuters nesta terça-feira.

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse na noite de segunda-feira que "não faremos um ajuste na casa de 80 bilhões (de reais) somente com cortes", segundo relato da fonte que estava no encontro e solicitou anonimato.

Seus comentários sugerem que o governo vai buscar uma combinação de cortes de gastos e aumentos de impostos para alcançar a meta de superavit primário (economia para pagar os juros da dívida) equivalente a 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2015.

Procurado, o Ministério da Fazenda não comentou as declarações.

Levy e outros integrantes da cúpula da equipe econômica do governo da presidente Dilma Rousseff participaram de jantar oferecido pelo vice-presidente Michel Temer (PMDB), no Palácio do Jaburu, na segunda-feira.

Fontes peemedebistas ouvidas pela Reuters mais cedo nesta terça disseram que Levy fez uma longa explanação durante o encontro e defendeu o ajuste fiscal, em particular a aprovação de medidas provisórias que mudam regras de acesso a benefícios trabalhistas para gerar economia de R$ 18 bilhões por ano.

Duas das fontes do PMDB, principal aliado do PT no governo federal, afirmaram que Levy teria dito também que haverá um severo corte orçamentário, porque a previsão de receitas que está no projeto do Orçamento, que ainda precisa ser aprovado no Congresso, não se concretizará.

Também presente no jantar, o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, teria afirmado que as medidas adotadas até agora para garantir o equilíbrio fiscal "são insuficientes" e que uma nova rodada de ajustes está por vir, mas sem sinalizar quando e em quais áreas, segundo as mesmas fontes.

Em entrevista a jornalistas quando chegou ao Senado nesta manhã, o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), citou a cifra de R$ 80 bilhões e defendeu que o ajuste fiscal passe necessariamente por cortes no setor público. "O ajuste tem que cortar no setor público. A sociedade não entenderá se só a população mais pobre pagar a conta do ajuste", disse o senador.

(Por Alonso Soto e Jeferson Ribeiro, Reportagem adicional de Eduardo Simões, em São Paulo)