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BRF aparece entre mais afetadas por aumento de imposto na folha de pagamento

27/02/2015 18h19

SÃO PAULO, 27 Fev (Reuters) - As empresas de alimentos, entre elas a gigante BRF, varejistas de vestuário, companhias de tecnologia e do setor aéreo estão entre as mais afetadas pela elevação das alíquotas de Contribuição Previdenciária sobre receita bruta anunciada pelo governo nesta sexta-feira, apontam estimativas preliminares de analistas.

A Medida Provisória 669 publicada no Diário Oficial da União estabelece que as empresas que tinham alíquota de 1% de contribuição previdenciária sobre a receita bruta passam para 2,5%, enquanto as que tinham alíquota de 2% passam para 4,5%.

"Este aumento de impostos representa outro desafio para as empresas brasileiras em um ano com condições já difíceis para o crescimento dos lucros e de criação de valor, tendo em conta o crescimento fraco da economia, o ajuste fiscal, o aperto monetário e a volatilidade cambial", disse o estrategista do Credit Suisse, Andrew Campbell, em nota a clientes.

Entre os setores com exposição que são afetados pela mudança, o Credit Suisse destaca alimentos (BRF), papel e celulose (Fibria e Klabin), bens de capital (WEG, Randon, Iochpe), tecnologia (Linx, Totvs), varejo (Via Varejo, Marisa Lojas, Lojas Renner), companhias aéreas (Embraer, Gol) e call centers (Contax).

Ainda tentando entender a MP, o analista Thiago Duarte, do BTG Pactual, estima que produtores de alimentos devem todos ser afetados pela mudança. Ele lembra que em 2012 o governo brasileiro adicionou 25 segmentos à desoneração na folha de pagamento, incluindo as indústrias de aves, suínos e de massas.

"As empresas com margem operacional relativamente menor (como empresas de alimentos) devem sofrer um impacto maior", disse, citando a BRF como o nome mais importante com um potencial aumento no imposto sobre as vendas para cerca de R$ 200 milhões por ano, equivalente a cerca de 3% a 4% do Ebitda estimado pelo BTG para a empresa em 2015.

Se a nova regulação ficar como está, o Itaú BBA disse em relatório que o seu preço-alvo para a ação da BRF pode ser reduzido para R$ 71, frente aos atuais R$ 74.

No caso da fabricante de massas e biscoitos M. Dias Branco, o BTG avalia que o impacto será de cerca de R$ 20 milhões se a alíquota subir para 2,5%.

Para companhias de carnes, o entendimento do analista do BTG é de que elas não foram incluídas originalmente, logo, não devem sofrer com a MP.

Em relação ao varejo, o Credit Suisse disse ser claramente negativo para o setor. "De forma geral, o impacto seria de cerca de 1,5% do faturamento bruto a partir de junho 2015", estimou em nota a clientes.

"Os setores de drogarias e supermercados não são afetados por esta nova MP. Acreditamos que as empresas mais afetadas são as empresas de trabalho muito intensivo, tais como Via Varejo, mas notamos também que empresas como a Lojas Renner, Marisa Lojas, Cia Hering e outros irão sofrer."

A equipe do BTG Pactual também destacou o impacto negativo nos setores de desenvolvedores de softwares, como a Linx, estimando um impacto no Ebitda da ordem de 10%.

O BTG ainda disse que o impacto no setor de siderurgia e mineração é virtualmente zero, destacando que empresas como Usiminas e Gerdau preferiram não aderir no passado.

Já no caso de papel e celulose, os analistas Leonardo Correia e Caio Ribeiro, do BTG, citam que o impacto é ligeiramente maior, mas ainda assim vêem como pouco relevante, na faixa de zero a 3% do Ebitda.

Para Klabin, calculam efeito negativo de R$ 37 milhões, menos de 2% do Ebitda, e para Fibria de menos de 1% do Ebitda.