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Bancos querem juros maiores em novo empréstimo a distribuidoras de energia, dizem fontes

06/03/2015 19h16

Por Guillermo Parra-Bernal e Leonardo Goy

SÃO PAULO/BRASÍLIA (Reuters) - Os três maiores bancos privados do Brasil estão interessados em participar de novo empréstimo às distribuidoras de energia, no montante de pelo menos 3,15 bilhões de reais, desde que os custos do financiamento reflitam riscos e prazos maiores, afirmaram três fontes com conhecimento das negociações.

O governo federal pediu a Itaú Unibanco, Bradesco e Santander Brasil esta semana para permitir que as distribuidoras de energia comecem a pagar os dois empréstimos anteriores, que somam 17,8 bilhões de reais, apenas no final de 2017, em vez deste ano, disseram duas das fontes.

Segundo uma outra fonte, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que já participou de operação de empréstimo no ano passado, deve entrar em mais esta operação, principalmente para ajudar os outros bancos a reduzir sua exposição ao setor elétrico.

"É isso, nós entraríamos na medida do necessário, torcendo para que seja o menor valor possível", disse a fonte. Procurado, o BNDES não comentou o assunto.

"Tudo é possível, desde que a questão do retorno continue sendo ponto central das discussões", disse uma das fontes.

Atualmente, os empréstimos estão previstos para começar a serem pagos e repassados às tarifas dos consumidores nos reajustes deste ano. Mas o governo quer reduzir esse impacto nas tarifas e na inflação, após a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) já ter autorizado neste ano uma revisão extraordinária que terá um efeito médio nacional de 23,4 por cento.

Mas, segundo uma fonte do próprio governo, o aumento da carência não foi bem recebido pelos bancos.

O que está na mesa de negociações agora é a ampliação do prazo de pagamento dos empréstimos. O governo propôs aos bancos aumentar o prazo de 2 para 6 anos, e está aberto inclusive a negociar a taxa de juros em troca dessa ampliação.

Uma fonte do governo federal lembra que entre o primeiro e o segundo empréstimo, no ano passado, a taxa de juros já havia sido elevada, de CDI mais 1,9 por cento ao ano na operação de abril, para CDI mais 2,35 por cento ao ano na segunda negociação, em agosto.

"Os juros já subiram do primeiro para o segundo empréstimo. Não seria um problema subir de novo, se houver uma compensação no prazo", disse a fonte do governo federal.

Os bancos devem apresentar na próxima semana uma nova proposta ao governo federal.

(Reportagem adicional Alonso Soto)