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Ecorodovias vence leilão da ponte Rio-Niterói e supera CCR

18/03/2015 14h40

Por Priscila Jordão

SÃO PAULO (Reuters) - A Ecorodovias venceu o leilão da ponte Rio-Niterói, atualmente sob concessão da CCR, oferecendo um deságio de 36,67 sobre o valor máximo de tarifa de pedágio previsto em edital, no primeiro grande teste de 2015 do apetite dos investidores por projetos de longo prazo no Brasil.

As ações da Ecorodovias reagiram negativamente à vitória, recuando 4,5 por cento às 14h20 e liderando as baixas do Ibovespa. Já os papéis da CCR, considerada a favorita na disputa pelo mercado, ampliavam a alta para 2,6 por cento.

A Ecorodovias ofereceu uma tarifa de 3,2844 reais enquanto o consórcio da CCR fez proposta 4,24230 reais, um deságio de 18,20 por cento sobre o preço máximo do edital, que foi o mais baixo entre os entregues pelos grupos interessados na ponte.

Quando questionado por jornalistas se a Ecorodovias se sente desencorajada pelo fato da CCR, que tem maior conhecimento sobre o ativo, ter dado o lance menos agressivo do leilão, o presidente da companhia, Marcelino de Seras, disse estar "tranquilo", já que espera um crescimento de 15 por cento do tráfego de veículos na ponte com o valor menor do pedágio.

O executivo comentou ainda que a empresa espera manter a margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de 60 por cento da ponte.

A Ecorodovias deve financiar os investimentos requeridos na ponte com o caixa próprio da empresa e pode recorrer ao mercado a partir do terceiro ano de concessão, disse Seras, tendo ressaltado a atratividade das debêntures de infraestrutura, que possuem incentivos fiscais.

A concessão por 30 anos da ponte vai exigir investimentos de 1,3 bilhão de reais, com a maior parte nos cinco primeiros anos.

Em nota, a CCR disse que sua proposta "levou em consideração a disciplina de capital, alinhada às premissas de governança corporativa e crescimento qualificado que têm norteado toda a trajetória da companhia".

A CCR venceu no final de 2013 leilão da rodovia BR-163 no Mato Grosso do Sul e o aeroporto de Confins, em Minas Gerais. A companhia encerrou 2014 com dívida líquida de 8,8 bilhões de reais e uma alvancagem medida pela relação de dívida líquida sobre Ebitda de 2,4 vezes, maior desde pelo menos o início de 2012.

O leilão da ponte Rio-Niterói contou com participação de outros quatro grupos, incluindo Triunfo e a empresa de logística JSL.

A disputa representou o primeiro grande leilão depois que a operação Lava Jato, da Polícia Federal e do Ministério Público, apertou o cerco nas investigações de corrupção na Petrobras. O certame também foi promovido pouco tempo após a sanção sem vetos da Lei dos Caminhoneiros, que, na avaliação das concessionárias de rodovias, aumentou o risco regulatório do setor, por ferir contratos atualmente em vigor.

O ministro dos Transportes, Antônio Carlos Rodrigues, afirmou a jornalistas que apesar do lance vencedor ser de cerca de 3,2844 reais, o valor é referenciado em janeiro de 2014 e por isso o pedágio da ponte será reajustado pela inflação para 3,70 reais, com vigência a partir do início de junho. Atualmente o valor da tarifa é de 5,20 reais para veículos de passeio.

PROGRAMA DE CONCESSÕES

Já o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, afirmou após o leilão que o governo federal analisa novas concessões de infraestrutura este ano, incluindo quatro rodovias que não foram licitadas em 2014: uma no Mato Grosso ao Pará, duas entre Minas Gerais e Goiás e uma entre Paraná e Santa Catarina. "Os projetos já estão em estudo pelo setor privado e esperamos recebê-los na próxima semana. A análise dos projetos pode viabilizar licitação ainda neste ano", disse o ministro.

Segundo Barbosa, o governo também tem em vista um conjunto de novas rodovias que podem ser alvo de concessões para serem analisadas ainda neste semestre.

Sobre as concessões de aeroportos, o ministro afirmou que o pedido de estudos para leilão de aeroportos de Salvador (BA), Florianópolis (SC) e Porto Alegre (RS) será lançado nas próximas semanas.

"Além disso, o governo vai abrir estudos sobre a possibilidade de concessão de hidrovias e dragagem", acrescentou.

Segundo Barbosa, o governo vai adaptar as condições de financiamento das próximas concessões "à nova realidade do país" e quer desenvolver mais fontes alternativas com o setor privado, mas o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) continuará mantendo um papel importante para financiar pelo menos o início das concessões.