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Nippon Steel denuncia Ternium à CVM por "manobra" com ações da Usiminas

30/03/2015 21h11

SÃO PAULO (Reuters) - O grupo japonês Nippon Steel & Sumitomo Metal anunciou nesta segunda-feira que denunciou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) o grupo latino-americano Ternium de tentar criar um grupo de acionistas minoritários leal a seus interesses em uma importante votação no começo de abril.

Segundo a Nippon, a transferência de ações da Usiminas que pertenciam ao fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, Previ, para terceiros burla obrigação para que a Ternium vote na mesma direção das ações vinculadas ao bloco de controle da Usiminas. A denúncia tem como objetivo pedir providências à CVM para avaliar a estratégia da Ternium.

A Ternium transferiu 25 milhões de ações ordinárias da Usiminas à custódia da BM&FBovespa, tornando-as disponíveis para aluguel ou venda antes da assembleia que definirá quem assumirá a gestão da empresa, marcada para 6 de abril.

Procurados, representantes da Ternium no Brasil disseram que a empresa não teve conhecimento do conteúdo da carta que a Nippon Steel encaminhou à CVM, mas reafirmou que "trabalha dentro das exigências legais e contratuais".

"A Ternium reforça que transferiu 25 milhões de ações ordinárias da Usiminas à custódia da BMF&Bovespa, mas não fechou nenhuma operação de venda ou empréstimo de ações", disse a empresa em comunicado à Reuters.

A Ternium disse ainda que não há nenhum impedimento legal ao processo de venda ou aluguel de ações da Usiminas, e que qualquer operação que eventualmente venha a ser concluída será devidamente informada ao mercado, em estrita observância às normas aplicáveis.

Na sexta-feira, comunicado da Usiminas também afirmou que até então nenhum acordo de venda ou empréstimo de ações da siderúrgica detidas pela Ternium tinha sido acertado.

Mas, segundo a Nippon, a "manobra" da Ternium retira dos acionistas minoritários "a possibilidade de nomear membros para o Conselho de Administração".

A votação do dia 6 foi convocada por acionistas minoritários da Usiminas, incluindo o fundo L.Par, do empresário brasileiro Lirio Parisotto, e a Tempo Capital, para escolha do presidente e outros membros do Conselho da siderúrgica.

Entre os principais minoritários da Usiminas está a CSN, com cerca de 14,1 por cento das ações ordinárias e 20,69 por cento das preferenciais. A CSN defende que o conflito entre Ternium e Nippon reflete a quebra do acordo de acionistas da Usiminas e que a Ternium tem que fazer uma oferta pública de aquisição de ações (OPA) aos minoritários ordinaristas da produtora de aços planos.

Na semana passada, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) rejeitou pedido da CSN para ter representante no Conselho da Usiminas.

(Por Alberto Alerigi Jr. e Luciana Bruno)