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Inadimplência fica estável em março; estoque de crédito sobe por influência do câmbio

24/04/2015 13h18

BRASÍLIA (Reuters) - A inadimplência no mercado de crédito no Brasil ficou estável pelo terceiro mês consecutivo em março, e o estoque de financiamentos cresceu 1,2 por cento ante fevereiro, movimento influenciado da desvalorização do real no período.

Conforme dados do Banco Central divulgados nesta sexta-feira, o saldo total de crédito no sistema atingiu 3,06 trilhões de reais no mês passado, equivalente a 54,8 por cento do Produto Interno Bruto (PIB). Em fevereiro, o percentual havia sido de 54,4 por cento do PIB, em patamar revisado pelo BC.

Segundo a autoridade monetária, a evolução mensal refletiu a recuperação sazonal da demanda de crédito pelas empresas, em um mês com mais dias úteis.

O chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, mencionou também o impacto do câmbio nas operações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Apesar das concessões do banco às empresas terem caído 14,8 por cento em março ante igual mês do ano passado, o saldo de crédito subiu 16,3 por cento na mesma base, afetado pela alta do dólar.

Como o BNDES responde pela maior parte do crédito com recursos direcionados às companhias, o avanço desse segmento, de 1,8 por cento ante fevereiro teria caído à metade, disse Maciel, se excluído o impacto da depreciação do real. Em 12 meses, a alta do sistema nessa linha foi de 15 por cento.

O indicador de qualidade da carteiras mostrou estabilidade, com o índice em 2,8 por cento em março, mesmo patamar desde janeiro. No crédito a pessoas, o índice recuou 0,1 ponto na base sequencial, para 3,7 por cento, enquanto nas operações com empresas subiu 0,1 pontos, para 2,1 por cento.

No segmento de recursos livres, com taxas de juros livremente definidas pelos bancos, a inadimplência também teve o terceiro mês estável, em 4,4 por cento.

Nos recursos direcionados, com taxas e recursos definidos pelo governo, a inadimplência caiu a 1,1 por cento, contra 1,2 por cento em fevereiro e 1,1 por cento em janeiro.

Em meio ao ciclo de aperto monetário promovido pelo BC, a taxa de juros média das operações com recursos livres subiu a 40,9 por cento ao ano em março, de 40,6 por cento em fevereiro.

Apesar disso, o spread bancário neste segmento mostrou ligeira queda a 28,2 pontos percentuais, queda de 0,1 ponto.

Em março, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a Selic em 0,5 ponto percentual, a 12,75 por cento ao ano, com economistas apontando em pesquisa Focus expectativa de novo aperto similar na reunião da próxima semana.

(Por Marcela Ayres)