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Petroleiras devem voltar a cortar gastos por permanência de preços baixos de óleo

24/04/2015 15h07

LONDRES (Reuters) - As principais empresas de petróleo do mundo podem precisar de cortes de gastos mais profundos na exploração e produção de gás natural, enquanto lutam em um longo período de preços baixos da commodity.

A expectativa é que a indústria deva revelar um outro conjunto de resultados sombrios para o primeiro trimestre do ano, quando os preços do Brent registraram média de 55 dólares por barril, quase a metade do nível de um ano atrás.

A americana Exxon Mobil, a anglo-holandesa Shell, a britânica BP e a francesa Total já responderam reduzindo investimentos em 2015, de 10 a 15 por cento, atrasando e eliminando projetos e reduzindo custos operacionais.

Apesar da sensação entre alguns executivos da indústria de que os preços do petróleo podem já ter atingido seus pontos mais baixos de 2015, após um declínio na produção dos Estados Unidos, podem ser necessários novos cortes.

A Exxon, maior petroleira listada do mundo, reduziu seus investimentos em 2015 em 12 por cento, para 34 bilhões de dólares.

"Vamos ver ao longo do ano se vamos manter esse capex ou não, nós estamos vendo uma grande eficiência de custos", afirmou o presidente-executivo Rex Tillerson em uma conferência.

Analistas do HSBC destacaram BP, Chevron, Statoil e Total por terem uma "gestão agressiva olhando para explorar este período para melhorar os retornos de longo prazo."

"Algumas das empresas veem o ambiente atual não como uma ameaça, mas como a melhor oportunidade para uma redefinição da economia de projetos em mais de 10 anos", disse o HSBC, em nota. "Como resultado, nós acreditamos que as reduções de capex que estamos vendo neste ano podem ser apenas o começo."

De acordo com analistas da Jefferies, grandes petroleiras atualmente precisam de um preço médio de petróleo de 78 dólares por barril para cobrir investimentos e dividendos a partir de fluxos de caixa orgânicos. Não se espera que as companhias de petróleo cubram dividendos por meio de fluxos de caixa orgânico (excluindo aquisições), até 2017.

DIVIDENDOS ASSEGURADOS

As sete grandes empresas mundiais de petróleo devem relatar um declínio nos resultados de cerca de 57 por cento, ante um ano antes, enquanto os ganhos por ação deverão cair em cerca de 27 por cento, de acordo com a Jefferies.

Apesar da queda esperada na receita, analistas acreditam que a maioria das grandes petroleiras tendem a manter os pagamentos de dividendos a investidores após o aumento da dívida para 31 bilhões de dólares no início de 2015.

A italiana Eni é a única grande petroleira que deve cortar dividendos. BP, Total e Shell prometeram manter seus pagamentos anuais, enquanto a BP e Total também estão oferecendo "scrip dividends", que permitem que os investidores comprem ações a um preço reduzido, em vez de receber o dividendo.

(Por Ron Bousso)