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Plantio de trigo na Argentina deve ficar estável apesar de otimismo político

24/04/2015 12h41

Por Maximiliano Rizzi

BUENOS AIRES (Reuters) - Agricultores argentinos deverão semear a mesma área de trigo neste ano na comparação com o anterior, apesar das promessas de candidatos presidenciais de acabar com o sistema de cotas de exportação que causou diminuição do plantio nos últimos anos.

A presidente Cristina Kirchner, que enfrenta resistência do agronegócio por suas políticas intervencionistas, não poderá concorrer a um terceiro mandato na eleição de outubro.

Os principais candidatos dizem que querem melhorar regulamentos, como as cotas de exportação que minaram lucros agrícolas.

O plantio de trigo, produto que o Brasil importa em grandes volumes dos argentinos, começa no próximo mês. A safra será colhida sob uma nova administração, que provavelmente será mais favorável aos agricultores.

Mas analistas e agricultores dizem que isso não é suficiente para levar os setor a aumentar o plantio acima dos 4,4 milhões de hectares semeados no ano passado.

"Todo mundo está esperando alguma melhora na política. Mas os agricultores que estão plantando hoje ainda não têm regras claras, e eles não podem realmente ter certeza das mudanças na política que estão à frente", disse Gustavo Lopez, diretor da consultoria Agritrend.

Ele espera que a área de plantio de trigo fique entre uma estabilidade e uma queda ante a temporada atual.

A previsão de plantio da Bolsa de Cereais de Buenos Aires é de um plantio de 4,1 milhões de hectares.

Sob o sistema atual, o governo concede cotas de exportação com base no tamanho da safra projetada e na necessidade interna. A política visa garantir amplo abastecimento de alimentos no mercado interno.

As cotas de exportação são imprevisíveis, tornando difícil para os produtores saber a quantidade de trigo a ser semeada e reduzindo a concorrência entre os compradores.

O sistema de cotas também se aplica ao milho, mas não à principal cultura da Argentina, a soja.

Os dois principais candidatos presidenciais da oposição, o prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri, e o deputado Sergio Massa, prometem eliminar cotas de exportação de trigo, bem como o imposto de 23 por cento que o governo coloca sobre as exportações.

O governador de Buenos Aires, Daniel Scioli, que é aliado da presidente, sugeriu uma redução do imposto de exportação, mas não falou sobre a mudança do sistema de cotas de exportação de trigo.

"Nós estaremos colhendo trigo quando o próximo governo começar. Mas nós não sabemos quem vai ganhar ou em que medida eles serão capazes de fazer as mudanças políticas que eles dizem que querem fazer", disse David Hughes, um fazendeiro na província de Buenos Aires.