IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

Petrobras ainda conviverá com alto endividamento em 2016, diz presidente

Maria Carolina Marcello

28/04/2015 14h55Atualizada em 28/04/2015 17h18

BRASÍLIA, 28 Abr (Reuters) - A Petrobras vai conviver com um endividamento que não é o ideal pelo menos até 2016, e o plano de desinvestimento anunciado pela empresa não será suficiente para resolver o problema de caixa, afirmou nesta terça-feira (28) o presidente da petroleira, Aldemir Bendine, em audiência no Senado.

A petroleira busca um nível de alavancagem, medido pelo endividamento líquido/Ebitda, de até três vezes, mas isso não deverá acontecer em breve, indicou o executivo.

"Pretendemos trazer esse indicador para o que estimamos 2,5 a 3 vezes..., o que é o salutar para uma empresa desse porte, dentro de um programa, de um lapso de tempo, que não vai se dar no próprio ano ou no próximo ano", afirmou ele.

A companhia terminou 2014 com o indicador de alavancagem em 4,77 vezes, ante 3,52 vezes em 2013, com um endividamento bruto de R$ 351 bilhões, alta de 31% na comparação anual.

"Quero deixar bem claro que a empresa vai conviver, sim, ainda por um período, com um endividamento que não é o salutar para ela. Ela vai estar com indicadores acima daquilo que imaginávamos...", afirmou durante audiência pública conjunta das comissões de Serviços de Infraestrutura e de Assuntos Econômicos, sobre a situação financeira da petroleira.

Com pesados investimentos de mais de US$ 220 bilhões no último plano de cinco anos, para expandir a produção no pré-sal e para fazer frente a gastos expressivos em refinarias, como a Abreu e Lima --envolvida em um escândalo de corrupção--, a estatal elevou sua dívida em contexto de preços de combustíveis represados, que geraram bilionários prejuízos na divisão de Abastecimento por vários anos.

No início da audiência, Bendine reiterou que o Plano de Negócios 2015-2019, que deverá atacar prioritariamente a questão do endividamento, será apresentado dentro de 30 ou 40 dias.

Desinvestimento

Segundo Bendine, a política de desinvestimento de empresas de energia ou de óleo e gás é constante e diária, ao comentar perguntas de senadores sobre o robusto plano de venda de ativos de cerca de US$ 13 bilhões, para 2015 e 2016, anunciado recentemente.

"(E) Não é com ela (política de desinvestimento), provavelmente, que vamos ter uma solução para o alto endividamento da Petrobras", comentou, acrescentando que as vendas de ativos também não são suficientes para solucionar o recuo no caixa.

O caixa da empresa deve atingir US$ 20 bilhões no fim de 2015, segundo projeção da Petrobras, ante US$ 26 bilhões registrado no fim de 2014.

Devido ao atual cenário da Petrobras, envolvida em um escândalo de corrupção e com situação financeira delicada, Bendine afirmou que a petroleira e outras empresas do setor estão com dificuldades de cumprir conteúdo local --muitas companhias estão impedidas, em função das investigações-- de firmar novos contratos com a empresa.

Mas, mesmo assim, frisou que empresa prevê priorizar fornecedoras do país em suas futuras contratações.

A Petrobras teve um prejuízo de R$ 21,6 bilhões no ano passado, após contabilizar perdas de R$ 6,2 bilhões por corrupção e reduzir em mais de R$ 44 bilhões o valor de seus ativos.

(Com reportagem adicional de Marta Nogueira, no Rio de Janeiro)