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Petrobras ainda conviverá com alavancagem elevada em 2016, diz Bendine

Por Maria Carolina Marcello
Imagem: Por Maria Carolina Marcello

28/04/2015 12h33

Por Maria Carolina Marcello

BRASÍLIA (Reuters) - A Petrobras vai conviver com um endividamento que não é o salutar pelo menos até 2016, e o plano de desinvestimento anunciado pela empresa não será suficiente para resolver o problema de caixa, afirmou nesta terça-feira o presidente da petroleira, Aldemir Bendine, em audiência no Senado.

A petroleira busca um nível de alavancagem, medido pelo endividamento líquido/Ebitda, de até 3 vezes, mas isso não deverá acontecer em breve, indicou o executivo.

"Pretendemos trazer esse indicador para o que estimamos 2,5 a 3 vezes..., o que é o salutar para uma empresa desse porte, dentro de um programa, de um lapso de tempo, que não vai se dar no próprio ano ou no próximo ano", afirmou ele.

A companhia terminou 2014 com o indicador de alavancagem em 4,77 vezes, ante 3,52 vezes em 2013, com um endividamento bruto de 351 bilhões de reais, alta de 31 por cento na comparação anual.

"Quero deixar bem claro que a empresa vai conviver, sim, ainda por um período, com um endividamento que não é o salutar para ela. Ela vai estar com indicadores acima daquilo que imaginávamos...", afirmou durante audiência pública conjunta das comissões de Serviços de Infraestrutura e de Assuntos Econômicos, sobre a situação financeira da petroleira.

Com pesados investimentos de mais de 220 bilhões de dólares no último plano de cinco anos, para expandir a produção no pré-sal e para fazer frente a gastos expressivos em refinarias, como a Abreu e Lima --envolvida em um escândalo de corrupção--, a estatal elevou sua dívida em contexto de preços de combustíveis represados, que geraram bilionários prejuízos na divisão de Abastecimento por vários anos.

No início da audiência, Bendine reiterou que o Plano de Negócios 2015-2019, que deverá atacar prioritariamente a questão do endividamento, será apresentado dentro de 30 ou 40 dias.

DESINVESTIMENTO

Segundo Bendine, a política de desinvestimento de empresas de energia ou de óleo e gás é constante e diária, ao comentar perguntas de senadores sobre o robusto plano de venda de ativos de cerca de 13 bilhões de dólares, para 2015 e 2016, anunciado recentemente.

"(E) Não é com ela (política de desinvestimento), provavelmente, que vamos ter uma solução para o alto endividamento da Petrobras", comentou, acrescentando que as vendas de ativos também não são suficientes para solucionar o recuo no caixa.

O caixa da empresa deve atingir 20 bilhões de dólares no fim de 2015, segundo projeção da Petrobras, ante 26 bilhões de dólares registrado no fim de 2014.

Devido ao atual cenário da Petrobras, envolvida em um escândalo de corrupção e com situação financeira delicada, Bendine afirmou que a petroleira e outras empresas do setor estão com dificuldades de cumprir conteúdo local --muitas companhias estão impedidas, em função das investigações-- de firmar novos contratos com a empresa.

Mas, mesmo assim, frisou que empresa prevê priorizar fornecedoras do país em suas futuras contratações.

A Petrobras teve um prejuízo de 21,6 bilhões de reais no ano passado, após contabilizar perdas de 6,2 bilhões de reais por corrupção e reduzir em mais de 44 bilhões de reais o valor de seus ativos.

As ações preferenciais da Petrobras operavam em alta de 0,8 por cento às 14h36.

(Com reportagem adicional de Marta Nogueira, no Rio de Janeiro)