Queda nos calotes e salto no crédito impulsionam lucro do Santander Brasil no 1º tri
SÃO PAULO (Reuters) - O Santander Brasil teve forte alta do lucro no primeiro trimestre, desafiando o cenário de baixo crescimento econômico do país com um mix de aceleração do crédito e queda das provisões para perdas com calotes.
O maior banco estrangeiro no país anunciou nesta terça-feira (28) que seu lucro líquido somou R$ 684 milhões no período, alta de 31,9% ante mesma etapa de 2014. Desconsiderando despesas com amortização de ágio, o lucro foi de R$ 1,633 bilhão, aumento anual de 14,4%.
Diferentemente do que tem feito seus maiores rivais, o Santander Brasil acelerou as concessões de financiamentos, especialmente para grandes empresas, justamente o maior alvo de preocupação do mercado, diante dos efeitos da operação Lava Jato.
No fim de março, o estoque de empréstimos do banco somava R$ 324,7 bilhões no conceito ampliado, avanço de 4,6% na base sequencial e de 18% em 12 meses. O avanço também tem influência da associação com o Banco Bonsucesso, no crédito consignado, que agregou R$ 1,7 bilhão.
As operações com grandes companhias deram um salto de 39,5% ano a ano, para R$ 110,5 bilhões. A carteira pessoa física aumentou apenas 5,8%, enquanto a de pequenas e médias empresas caiu 0,7% no mesmo período.
Segundo banco, o forte avanço em grandes empresas teve impacto da variação cambial. Mas mesmo sem ela, a alta no segmento teria sido de 25,3% em 12 meses.
Nos últimos meses, o escrutínio do mercado sobre a qualidade do crédito dos bancos para grandes corporações tem crescido no rastro da Lava Jato, que investiga um escândalo de corrupção envolvendo a Petrobras e grandes empreiteiras.
Mas no caso do Santander Brasil, o índice de inadimplência, medido pelo saldo de operações vencidas com mais de 90 dias, ficou em 3%, queda de 0,8 ponto percentual em 12 meses e de 0,3 ponto sobre dezembro.
E as despesas do banco para provisões para perdas com calotes tiveram queda de 14,4% em relação a igual período de 2014, a R$ 2,568 bilhões, mostrando que o banco não prevê piora da qualidade do crédito nos próximos trimestres.
Os indicadores antecedentes, contudo, mostraram tendência de elevação. O índice de inadimplência de 15 a 90 dias subiu, tanto para pessoas físicas quanto jurídicas ante dezembro.
Em outra frente, as receitas do Santander Brasil com tarifas e serviços somaram R$ 2,83 bilhões, incremento de 7,4% sobre o primeiro trimestre de 2014, mas queda de 5% na comparação sequencial.
Um outro ponto positivo do balanço foi o controle das despesas gerais, que somaram R$ 4,1 bilhões no trimestre, alta de 3,2% ano a ano, bem abaixo da inflação.
No fim de março, os ativos totais do grupo somavam R$ 612,29 bilhões, aumento de 23,8% em 12 meses.
(Por Aluísio Alves e Luciana Bruno)
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