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Economia dos EUA fica estagnada no 1o tri por inverno e preços de energia

29/04/2015 09h44

Por Lucia Mutikani

WASHINGTON (Reuters) - O crescimento econômico dos Estados Unidos desacelerou com mais força que o esperado no primeiro trimestre uma vez que o inverno rigoroso afetou os gastos de consumidores e empresas de energia cortaram gastos diante de preços mais baixos, mas existem sinais de que a atividade está acelerando.

O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu a uma taxa anual de apenas 0,2 por cento, informou o Departamento do Comércio nesta quarta-feira. Isso representa uma forte desaceleração ante a taxa de 2,2 por cento do quatro trimestre e é a leitura mais fraca em um ano.

O dólar forte e uma já resolvida disputa trabalhista em portos da Costa Oeste também impactaram o crescimento, disse o governo. O crescimento fraco, embora provavelmente temporário, reduz as chances de uma alta da taxa de juros em junho pelo Federal Reserve.

"A estagnação do crescimento econômico dos EUA no começo do ano descarta qualquer elevação iminente dos juros pelo Fed", disse o economista-chefe do Markit, Chris Williamson.

Economistas consultados pela Reuters projetavam que a economia teria expansão de 1,0 por cento no período.

A desaceleração do crescimento provavelmente não é um reflexo verdadeiro da saúde da economia, dada a influência de fatores temporários como o clima e a disputa nos portos.

Os números preliminares do PIB do primeiro trimestre foram divulgados poucas horas antes de as autoridades do Fed concluírem uma reunião de dois dias sobre a política monetária. A expectativa é de que as autoridades do Fed reconheçam o crescimento mais fraco, mas que o considerem como temporário no comunicado que divulgarão após o encontro.

Embora existam sinais de que a economia está melhorando, dados sobre construções de moradias, atividade industrial, vendas no varejo e investimento empresarial sugerem que a recuperação não terá o mesmo vigor visto no ano passado.

No início deste ano, muitos economistas acreditavam que o Fed elevaria as taxas de juros de perto de zero em junho. Agora, a maioria dos palpites está perto de setembro.

CONSUMIDORES HIBERNANDO

O governo não quantificou o impacto do clima, do dólar forte e da disputa nos portos sobre o crescimento no último trimestre. Economistas, no entanto, estimam que o clima atipicamente frio em fevereiro chegou a tirar até meio ponto percentual, com as interrupções nos portos cortando mais 0,3 ponto percentual.

O impacto do clima ficou evidente na fraqueza dos gastos de consumidores. O crescimento nos gastos de consumidores, que respondem por mais de dois terços da atividade economia norte-americana, desacelerou para uma taxa de 1,9 por cento. Esse foi o ritmo mais lento em um ano e vem após um forte ritmo de 4,4 por cento no quarto trimestre.

A moderação nos gastos dos consumidores ocorreu apesar das famílias terem aproveitado a economia que fizeram com a forte queda nos preços da gasolina. Os consumidores elevaram suas economias para 727,8 bilhões de dólares ante 603,4 bilhões de dólares no quarto trimestre.

Os gastos com estruturas não residenciais, que incluem exploração e perfuração petrolífera, caiu a um ritmo de 23,1 por cento. Esse foi o ritmo de queda mais rápido em quatro anos e marcou a primeira contração desde o primeiro trimestre de 2013.

"A pressão para baixo sobre lucros, a forte queda em investimentos relacionados a petróleo e o dólar forte estão segurando a economia dos EUA", disse o diretor-gerente do Conference Board Gad Levanon.

O dólar, que subiu 4,5 por cento ante as moedas dos principais parceiros comerciais dos EUA no primeiro trimestre, pressionou o comércio, assim como a disputa nos portos na Costa Oeste. O comércio subtraiu 1,25 ponto percentual do crescimento do PIB no primeiro trimestre.

A expectativa é de que o dólar continue sendo um fator econômico desfavorável nos próximos trimestres. Economistas estimam que ela vá reduzir o crescimento em 0,6 ponto percentual neste ano.

Mas houve um crescimento inesperado no acúmulo de estoques, que acrescentou 0,74 ponto percentual ao crescimento do PIB.