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Levy avalia que corte no Orçamento foi adequado, mas cita preocupação com arrecadação

UESLEI MARCELINO
Imagem: UESLEI MARCELINO

25/05/2015 09h36

BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, expressou nesta segunda-feira preocupação com a queda da arrecadação, apontando que é preciso atenção a essa questão após o governo divulgar na sexta-feira um corte de despesas de 69,9 bilhões de reais no Orçamento de 2015.

Falando a jornalistas, Levy afirmou considerar que o contingenciamento foi no "valor adequado", mas ressaltou que essa é apenas uma parte das políticas que estão sendo postas em prática pelo governo.

"É uma parte importante, outras partes são até mais estruturais, têm a ver com o realinhamento de preços, atividades de concessões, vamos ver como a gente reorganiza o financiamento de longo prazo agora que acabou o dinheiro via aquele modelo mais baseado em recursos públicos", pontuou o ministro.

Ele ressaltou que o corte nas despesas não obrigatórias se faz necessário porque as receitas previstas no Orçamento da União aprovado há um mês "não têm conexão com a realidade da arrecadação".

"(O governo) cortou com muita cautela, com muito equilíbrio, na medida que se poderia fazer, inclusive sem por o menor risco em relação ao crescimento econômico", disse.

"Como eu tenho dito, o PIB não está devagar por causa do ajuste. A gente está fazendo o ajuste porque o PIB vinha devagar", completou.

Segundo Levy, a queda da arrecadação desperta preocupação em um momento em que o governo busca o reequilíbrio de suas contas, com a meta de atingir um superávit primário de 66,3 bilhões de reais este ano, equivalente a 1,1 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).

"Nos últimos anos a arrecadação sistematicamente não tem atendido às necessidades de governo. Tem se vivido de receitas extraordinárias, de programas como Refis, outras coisas, ao mesmo tempo em que se dava um número de desonerações", disse.

"Precisamos ter uma situação um pouquinho mais equilibrada porque a gente está vendo esse ano que as receitas não têm sido muito significativas. E a gente tem que prestar atenção", afirmou.

Questionado sobre a possibilidade de o governo anunciar novos impostos para compensar a retração no volume de recursos recolhidos, Levy afirmou que é preciso "ir com calma" na frente tributária.

"Não adianta a gente meter novos impostos como se fosse isso que vai salvar a economia brasileira, não é por aí", afirmou.

Levy disse ainda que agentes econômicos já estavam com grande expectativa acerca de uma retração do PIB no começo do ano, acrescentando que, por isso, "não seria surpresa a gente ver uma situação dessa" para o resultado do primeiro trimestre.

(Por Marcela Ayres)