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Setor produtivo cobra medidas de incentivo ao investimento após queda do PIB

29/05/2015 13h49

(Reuters) - Empresários e representantes do setor produtivo estão cobrando medidas do governo federal que estimulem a confiança e o investimento, depois que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil encerrou o primeiro trimestre em queda de 0,2% ante os três últimos meses do ano passado, registrando recuo nos investimentos pelo sétimo trimestre seguido.

Veja a seguir reações de empresários e entidades sobre o resultado:

José Augusto Fernandes, diretor de política e estratégia, Confederação Nacional da Indústria (CNI)

"A retração do PIB poderá se aprofundar nos próximos trimestres. Ainda tem muito trabalho a ser feito para evitar que a situação se deteriore. As empresas estão sendo obrigadas a rever suas estratégias para ganhar produtividade. A medida que o ajuste fiscal seja aprovado, expectativas podem começar a se reverter. Mas também é preciso desenvolver uma agenda regulatória desburocratizante. Já começamos a ver alguma recuperação de setores industriais ligados a exportação."

José do Egito Frota Lopes Filho, presidente, Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores de Produtos Industrializados (Abad)

"Infelizmente, o Brasil vive uma tragédia anunciada. Com juros em patamares proibitivos, insegurança gerada pelas ações desastradas do governo e retração no consumo devido à falta de confiança do trabalhador, voltamos a nos encontrar em uma já conhecida armadilha: o país não cresce porque não investe e não investe porque não tem perspectivas de crescer.

A queda de 0,2%no PIB do primeiro trimestre (sobre o quarto trimestre) já era aguardada pelo mercado e pelos setores produtivos. Todos sabiam que o número seria negativo, só não se sabia quanto.

Está na hora de o governo começar a mostrar, para além dos cortes anunciados, as iniciativas que vai adotar para interromper a retração e colocar o país na rota da recuperação, antes que as perdas sociais e econômicas atinjam um patamar insustentável."

Fábio Pina, assessor econômico, Fecomercio-SP

"Nossa previsão é de baixa de 1,5% a 2% no ano, com agravamento do desemprego e uma série de efeitos por vir. O resultado do primeiro trimestre não surpreendeu a federação. Seis meses atrás esperávamos resultado ruim, mas não tanto. Mas no começo do ano, com os dados do varejo, corrigimos as projeções para baixo.

No primeiro trimestre ainda tivemos a agricultura muito bem, caso contrário seria muito pior. Além disso, o setor de serviços ainda não absorveu todo o efeito da corrosão da renda do consumidor, com inflação em alta e crédito encolhendo. É um caldo muito ruim para o setor de serviços."

Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, presidente, Federação das Indústrias do Estado do Rio De Janeiro (FIRJAN)

"O resultado do PIB no primeiro trimestre reforça a ideia de que a economia brasileira passa por uma crise, que tem sua raiz na erosão da confiança das famílias e das empresas. Para superar esta conjuntura negativa, é urgente que ocorra uma profunda alteração na condução da política econômica.

Acima de tudo, é necessário mudar a postura fiscal. A Firjan defende um ajuste que priorize a diminuição dos gastos públicos de natureza corrente, inclusive com regras explícitas que limitem o seu crescimento ao longo dos próximos anos, em paralelo a um programa de privatizações que ajude a destravar os investimentos e a tornar a operação do Estado mais eficiente."

(Por Alberto Alerigi Jr., Luciana Bruno e Aluísio Alves)