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Desemprego e número de desocupados batem recorde no trimestre encerrado em maio, diz IBGE

Por Rodrigo Viga Gaier e Marcela Ayres
Imagem: Por Rodrigo Viga Gaier e Marcela Ayres

09/07/2015 11h37

Por Rodrigo Viga Gaier e Marcela Ayres

RIO DE JANEIRO/BRASÍLIa (Reuters) - A taxa de desemprego do Brasil subiu a 8,1 por cento no trimestre encerrado em maio, a mais alta da séria histórica iniciada em 2012, influenciada pela procura por vagas e redução de postos em meio ao cenário de inflação elevada e economia cambaleante, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua.

O número divulgado nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou avanço de 0,1 ponto percentual em relação ao trimestre encerrado em abril.

No mesmo período do ano passado, a taxa de desemprego havia marcado 7,0 por cento, e no trimestre até fevereiro --que corresponde aos três meses imediatamente anteriores ao período anunciado--, foi de 7,4 por cento.

Segundo o coordenador da pesquisa, Cimar Azeredo, houve aumento sobretudo da procura por trabalho em maio, mas sem abertura suficiente de postos para atender à demanda.

Os dados da Pnad Contínua Mensal mostraram que no trimestre até maio o número de desocupados, que inclui aqueles que tomaram alguma providência para conseguir trabalho, subiu 10,2 por cento ante os três meses encerrados em fevereiro, atingindo 8,157 milhões de pessoas - maior patamar da série histórica.

"Você tem pressão no mercado, as pessoas estão procurando, mas elas não estão conseguindo. Isso mostra o momento difícil do mercado de trabalho", afirmou Azeredo.

A população ocupada também teve queda de 0,2 por cento nos três meses até maio, para 92,104 milhões de pessoas. O nível de ocupação, que mede a parcela da população ocupada em relação à população em idade de trabalhar, recuou para 56,2 por cento no trimestre até maio, ante 56,4 por cento nos três meses até fevereiro.

O IBGE usa a comparação com o trimestre imediatamente anterior ao período anunciado para evitar repetição de dados relativos aos meses anteriores.

Em coletiva de imprensa, Azeredo destacou que em meio à perda de emprego também houve aumento do número de empregadores e de pessoas que trabalham por conta própria.

"O trabalhador está perdendo a estabilidade e precisa se virar para ganhar a vida", disse o coordenador da pesquisa, chamando atenção para as semelhanças entre este movimento e o visto em 2003 e 2004, quando o crescimento econômico também não era favorável.

"O cenário é preocupante porque se vê perda do emprego com carteira, sem a proteção de férias, 13º, fundo de garantia e outros benefícios. Como empregador ou conta própria não há a mesma qualidade de emprego", completou.

RENDIMENTO

O rendimento real dos trabalhadores, segundo o IBGE, caiu 0,7 por cento entre o trimestre encerrado em maio e o trimestre encerrado em fevereiro, para 1.863 reais.

A Pnad Contínua tem abrangência nacional e vai substituir a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), que leva em consideração dados apurados apenas em seis regiões metropolitanas do país. No último dado informado da PME, o desemprego subiu em maio ao nível mais alto em quase cinco anos, a 6,7 por cento.

O mercado de trabalho brasileiro vem refletindo a situação econômica do país, com aperto de crédito, inflação alta e expectativa de contração econômica neste ano.

Em maio, o Brasil fechou 115.599 vagas formais de trabalho, no pior resultado para o mês já visto, segundo dados mais recentes do Ministério do Trabalho.