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Grécia precisa de alívio de dívida maior que planos da UE, aponta relatório secreto do FMI

14/07/2015 11h42

(Reuters) - A Grécia precisará de alívio de dívida muito além do que parceiros da zona do euro estão preparados a considerar devido à devastação da economia e dos bancos do país nas últimas duas semanas, de acordo com estudo confidencial do Fundo Monetário Internacional (FMI) visto pela Reuters.

A análise atualizada de sustentabilidade da dívida foi enviada aos governos da zona do euro no fim da segunda-feira, horas após Atenas e seus 18 parceiros terem concordado em princípio em abrir negociações sobre o terceiro programa de resgate de até 86 bilhões de euros em troca de reformas estruturais e medidas de austeridade mais duras.

"A deterioração dramática da sustentabilidade da dívida indica a necessidade de alívio de dívida em uma escala que precisaria ir muito além do que tem sido considerado até agora --e o que foi proposto pelo ESM", disse o FMI, em referência ao fundo de resgate do Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira (ESM, na sigla em inglês).

Os países da Europa terão de dar à Grécia um período de carência de 30 anos para o serviço de toda sua dívida europeia, incluindo novos empréstimos, e uma extensão de prazo muito dramática, ou como alternativa fazer transferências fiscais anuais explícitas ao orçamento grego ou aceitar "profundos cortes imediatos" sobre seus empréstimos a Atenas, segundo o relatório.

O relatório foi vazado ao mesmo tempo em que o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schaeuble, revelou que alguns membros do governo em Berlim acreditam que seria melhor que a Grécia ficasse "temporariamente" fora da zona do euro em vez de receber outro resgate gigantesco.

A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, participou de conversas no fim de semana entre ministros das Finanças da zona do euro e líderes de governos que acertaram o roteiro para o novo resgate. Uma fonte da UE afirmou que os novos números de sustentabilidade da dívida foram informados ao Eurogrupo no sábado, e que eram conhecidos pelos líderes de governos antes de terem concluído o acordo de segunda-feira com Atenas.

O estudo do FMI diz que o fechamento de bancos gregos e a imposição de controles de capital em 29 de junho está "cobrando um preço caro do sistema bancário e da economia, levando a uma maior deterioração significativa da sustentabilidade da dívida em relação ao que havia sido projetado em nossa recém-publicada análise de sustentabilidade da dívida".

Membros europeus do conselho executivo do FMI tentaram em vão impedir a publicação do estudo anterior em 2 de julho, apenas três dias antes do referendo grego que rejeitou os termos anteriores de resgate, disseram à Reuters fontes familiarizadas com as discussões.

O estudo do FMI mais recente informa que a dívida grega agora atingirá um pico de próximo de 200% do Produto Interno Bruto (PIB) nos próximos dois anos, ante o máximo projetado anteriormente de 177%.

Mesmo até 2022, a dívida atingirá o equivalente a 170% do PIB, em comparação à estimativa anterior de 142%, publicada há somente duas semanas.