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Bradesco considera conveniente o preço pago por HSBC, mas ações caem

03/08/2015 11h25

SÃO PAULO (Reuters) - O Bradesco defendeu o preço pago para fechar a compra do HSBC no Brasil, apontando fatores como a rede complementar de agências e as oportunidades para oferta de mais produtos, estratégia também elogiada por analistas, mas suas ações caíam com força.

"Teremos grande crescimento de rede de agências nas regiões Sul e Sudeste do país, onde tínhamos um 'gap' em relação aos nossos rivais, e oportunidade de oferecer mais produtos e serviços nessa rede", disse o presidente-executivo do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, em teleconferência com jornalistas.

Na madrugada desta segunda-feira o Bradesco anunciou a compra das operações do HSBC no Brasil por 5,2 bilhões de dólares, ou 17,6 bilhões de reais.

Em julho, a Reuters informara que o Bradesco oferecera pagar cerca de 12 bilhões de reais.

Para analistas, o valor mais alto se justifica por incluir também as operações de seguros do grupo. O diretor de Relações com Investidores do Bradesco, Luiz Carlos Angelotti, disse que o múltiplo pago por essa unidade ficou abaixo da média do mercado.

Em relatório, analistas do Credit Suisse liderados por Marcelo Telles consideraram que a transação faz sentido estratégico e financeiro para o Bradesco por implantar de forma mais eficaz o excesso de capital, dada a perspectiva de fraco crescimento do crédito nos próximos anos.

"Há sinergias suficientes de maior escala para fazer com que a transação aumente o preço pago", disse o Credit Suisse.

Na mesma linha de raciocínio, o BTG Pactual considerou estratégica a operação para o Bradesco, dado o frágil cenário macro do Brasil, que tem dificultado cada vez mais manter elevados níveis de retorno, inclusive para o rival Itaú Unibanco, que tem rentabilidade maior.

"Embora um pouco cara, a aquisição, a nosso ver, faz muito sentido do ponto de vista estratégico", escreveram em relatório os analistas do BTG Pactual Eduardo Rosman e Gustavo Lobo.

De todo modo, as ações preferenciais do Bradesco eram destaques negativos da Bovespa, caindo 2,93 por cento às 11h23 (horário de Brasília). No mesmo instante, o Ibovespa perdia 1,14 por cento.

(Por Aluísio Alves e Guillermo Parra-Bernal, com reportagem adicional de Paula Arend Laier)