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Bradesco compra HSBC no Brasil por US$ 5,2 bi, aproxima-se do Itaú Unibanco

SERGIO MORAES
Imagem: SERGIO MORAES

Aluísio Alves e Guillermo Parra-Bernal

03/08/2015 07h33

SÃO PAULO (Reuters) - O Bradesco anunciou nesta segunda-feira a compra da fragilizada unidade brasileira do HSBC por US$ 5,2 bilhões  (R$ 17,6 bilhões) em dinheiro, reduzindo a distância para os líderes no país.

O acordo, que envolve o HSBC Bank Brasil Banco Múltiplo e HSBC Serviços e Participações, une o quarto e o sexto maiores bancos em ativos no país, e leva o Bradesco a 16% de participação no sistema financeiro brasileiro, pouco atrás dos 16,2% do Itaú Unibanco, líder privado no Brasil.

O Bradesco também assume a vice-liderança do mercado em número de correntistas (23,3% do sistema), e em ativos sob gestão (15,7% do sistema), segundo dados publicados pelo próprio banco. Mas seguirá como quarto em volume de crédito (16,9% do sistema) e em depósitos totais (13,8% do total).

A operação amplia a presença do Bradesco nas regiões Sul e Sudeste do país, regiões que concentram três quartos das agências do HSBC no país.

O HSBC anunciou em junho interesse em se desfazer da unidade no Brasil, dentro da estratégia de reduzir ativos para melhorar a performance. A Reuters informou no mês passado que o Bradesco entrou em negociação exclusiva para compra do HSBC no país, superando rivais como Santander Brasil.

A venda vem após anos de fraco desempenho do HSBC no Brasil, onde amargou prejuízo líquido de R$ 545,7 milhões em 2014. Segundo o sindicato de empregados do setor bancário, o banco demitiu cerca de 800 funcionários no país no ano passado.

A venda, que ainda requer aprovação regulatória e foi selada em 31 de julho, pode ser concluída até junho de 2016.

O preço, sujeito a ajuste para refletir o valor líquido patrimonial e equivale a 1,8 vez o valor contábil, superou o esperado por analistas. A Reuters informara que o Bradesco oferecera pagar cerca de R$ 12 bilhões, 1,2 vez o valor contábil. O Bradesco é negociado por 1,5 vez o valor contábil.

O foco do HSBC Brasil em clientes de alta renda se encaixa no plano do Bradesco de elevar as vendas de serviços financeiros especializados para clientes de maior renda e grandes empresas.

"A aquisição possibilitará ganho de escala e otimização de plataformas, com aumento da cobertura nacional... além de reforçar sua presença no segmento de alta renda", disse o Bradesco em comunicado.

O Bradesco calculou que a transação lhe dará um ganho de otimização de R$ 2,5 bilhões, ou 5,5% de ganho de escala, com base nos resultados esperados para o HSBC no Brasil em 2015, de lucro recorrente de R$ 1,2 bilhão.

"Considerando os investimentos para integrar as plataformas, o impacto da aquisição sobre a expectativa de lucro por ação será neutro em 2016 e positivo a partir de 2017", afirmou o Bradesco em apresentação enviada ao mercado.

Em termos de capitalização, o índice de Basileia do Bradesco cai dos atuais 16% para 13,5%, ante mínimo regulatório exigido pelo Banco Central de 11%.