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IPCA desacelera alta a 0,62% em julho, mas em 12 meses vai a 9,56%, diz IBGE

07/08/2015 10h26

Por Rodrigo Viga Gaier e Patrícia Duarte

RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - A alta dos preços no Brasil desacelerou em julho, mas ainda ficou em nível recorde e indo acima de 9,5 por cento em 12 meses, mais uma vez puxada pelas tarifa de energia mais caras e colocando pressão sobre o Banco Central na sua tarefa de domar a inflação.

A forte valorização do dólar também já começa a pesar mais sobre os preços.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,62 por cento em julho, maior variação para esse mês desde 2004 (+0,91 por cento) e após marcar alta de 0,79 por cento em junho, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira.

No acumulado de 12 meses até julho, a inflação oficial do país foi a 9,56 por cento no mês passado, depois de registrar 8,89 por cento em junho, na maior variação para o período desde novembro de 2003 (11,02 por cento).

Analistas ouvidos pela Reuters esperavam alta de 0,60 por cento no mês passado, acumulando em 12 meses ganho de 9,52 por cento.

De acordo com o IBGE, o principal peso na inflação no mês passado foram as contas de energia elétrica, que subiram 4,17 por centom, respondendo sozinhas por 0,16 ponto percentual do índice. As tarifas de água e esgoto também subiram, 2,44 por cento, em julho.

Com isso, o grupo Habitação mostrou alta de 1,52 por cento no último mês, bem acima do 0,86 por cento visto em junho. Os preços administrados subiram 1,17 por cento, sobre avanço de 1,12 por cento em junhoo.

Outro grupo que puxou o IPCA para cima foi o de Alimentação e bebidas, com alta de 0,65 por cento, informou o IBGE, levemente acima da variação positiva de 0,63 por cento vista no mês anterior.

Dos nove grupo pesquisados, apenas um mostrou queda em julho, o de Vestuário (-0,31 por cento), na comparação mensal, e outro permaneceu estável (Educação).

O país vive momento de alta inflação e recessão, em meio à mais grave crise política desde o governo do ex-presidente Fernando Collor de Mello, no início dos anos 1990. Uma das consequências é o recente salto do dólar que, somente em jullho, avançou 10 por cento sobre o real. E, nos últimos seis pregões, acumulou alta de 6,25 por cento.

"Agora já dá para perceber o efeito do dólar mais caro sobre os preços. Até junho era algo menos perceptível. O dólar é uma pressão de custo e aparece nos alimentos e o próprio aumento da energia tem o efeito do aumento do dólar, afirmou a economista do IBGE Eulina Nunes dos Santos.

O resultado de julho do IPCA coloca mais pressão sobre o BC que busca encerrar um ciclo de aperto monetário inciado em outubro passado e já elevou a taxa básica de juros a 14,25 por cento ao ano, maior patamar em nove anos.

Ao divulgar na véspera a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o BC reforçou a ideia de que o ciclo de alta da Selic deve ter chegado ao fim, mas deixou uma porta aberta para volta a subi-la se algo masi grave acontecer.