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Ecoporto Santos finaliza investimento de R$172 mi, mas recuperação deve vir a partir de 2016

11/08/2015 16h18

Por Priscila Jordão

SÃO PAULO (Reuters) - A Ecoporto Santos, do grupo Ecorodovias, está nas etapas finais de um investimento de 172 milhões de reais com a meta de aumentar sua participação de mercado, após vários trimestres de queda da tarifa da operação de cais devido à maior concorrência no Porto de Santos e em meio à redução da demanda, principalmente de importadores.

A companhia, que oferece serviços de logística na margem direita do porto, está investindo a quantia desde o ano passado para ganhar eficiência, tendo operado na última semana e fim de semana pela primeira vez seus três novos "portêineres", equipamentos usados na movimentação de contêineres. A expectativa da companhia é atingir pelo menos 105 a 110 movimentos por hora por navio com os novos equipamentos, ante a média atual de 55 movimentos.

O investimento também envolve o redesenho da retaguarda da operação, com pequenos caminhões para operação no terminal (terminal tracktors) e um sistema para ganhar agilidade. As obras civis são a última parte do investimento, que soma 40 milhões e deve ser desembolsada entre esse ano e o ano que vem, com a instalação de um acréscimo de cais para os trilhos dos portêineres.

"A nossa expectativa é de que esse nosso ganho de competitividade faça com que sejamos mais atrativos comercialmente e recuperemos participação de mercado", disse o diretor-presidente do Ecoporto Santos, José Eduardo Bechara, embora descarte voltar à fatia de três anos atrás. Como os contratos são negociados anualmente, uma recuperação ainda não deve acontecer em 2015, mas sim nos anos seguintes, acredita.

A participação de mercado da operação de cais do Ecoporto Santos caiu de 9,9 por cento no quarto trimestre de 2014 para 6,9 por cento nos primeiros três meses de 2015, último dado publicado pela empresa.

A Ecorodovias começou a atuar no segmento portuário em 2012, com a aquisição do antigo Complexo Tecondi. O complexo mudou de nome para Ecoporto Santos no ano seguinte, e a empresa já chegou a ter 17 por cento do mercado, segundo Bechara.

Mais recentemente, porém, ela tem sofrido com o aumento da concorrência no porto devido à entrada de novos competidores, como a Embraport e a Brasil Terminal Portuário (BTP), que iniciaram operações no primeiro semestre em 2013.

O porto, que tinha capacidade anual de atendimento para 3 milhões de TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés), passou a poder atender 8 milhões de TEUs com o uso da capacidade plena, segundo a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp).

"Todo mundo está preparado. Agora está todo mundo igual, todo mundo tem portêiner, todo mundo tem capacidade. Certamente a eficiência vai falar mais alto. É difícil prever, mas certamente seremos um competidor para disputar mercado e a expectativa é, em função disso, recuperar alguma coisa", disse Bechara.

Além da maior concorrência, a valorização do dólar ante o real e a desaceleração da economia também têm reduzido a atividade de operadores de logística, derrubando a movimentação de contêineres.

"A queda na entrada de contêineres de importação é nítida, descontando transbordo e cabotagem. E a recuperação na exportação não é um processo rápido... A produção da indústria está caindo, e com a queda da indústria, cai o número de contêineres", disse Bechara, ressaltando que, nesse cenário, não vê melhora de volume movimentado já no segundo semestre.

Na sua avaliação, os clientes diminuíram muito os volumes, mas é difícil dizer que parte do movimento foi causada pela queda do consumo no país e qual representa uma reação à oscilação do câmbio.

O último dado disponível do Porto de Santos, de junho deste ano, mostra queda de 6,7 por cento nas importações contra junho do ano anterior e declínio de 4,9 por cento das exportações na mesma base de comparação.

O resultado da Ecoporto Santos no segundo trimestre do ano será conhecido na sexta-feira, com a divulgação dos números do grupo Ecorodovias.