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Setor de embalagens do Brasil piora projeção de queda de produção em 2015

25/08/2015 13h36

Por Priscila Jordão

SÃO PAULO (Reuters) - A Associação Brasileira de Embalagem (Abre) piorou sua expectativa para o volume de produção do setor previsto para 2015, passando a ver queda de 3 por cento, a 57,5 bilhões de reais, ante estimativa anterior de declínio de até 1,5 por cento, acompanhando o momento negativo da produção industrial brasileira.

A previsão mais pessimista é resultado da piora nas expectativas para o Produto Interno Bruto (PIB) e dos indicadores macroeconômicos, que vêm se refletindo sobre o setor de embalagens.

"Os estoques do setor estão elevados, a demanda está fraca e o indicador de emprego mostra que a indústria não enxerga grandes saídas (para a crise)", disse o economista Salomão Quadros, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), responsável pelo estudo da Abre.

Tal desempenho é esperado após uma queda de 2,59 por cento da produção no primeiro semestre do ano, o que implica baixa ainda mais forte no segundo semestre, prevista em 3,4 por cento. Esse cenário deve ocorrer apesar de os últimos seis meses do ano serem costumeiramente mais positivos para o setor, com mais encomendas por conta das festas de fim de ano.

O estudo do Ibre apontou ainda que as empresas do setor se mostram mais inclinadas a reduzir contratações de pessoal no terceiro trimestre, um período que, segundo Quadros, é sazonalmente mais favorável para o emprego na indústria em geral.

Com a diminuição da confiança do consumidor, Salomão prevê uma retomada bastante vagarosa do setor de embalagens, que teve ao fim de junho seu sétimo trimestre consecutivo de queda na produção.

"No segundo semestre a perspectiva é de piora, mas não quer dizer que logo depois vamos enxergar uma saída... Uma possível retomada não deve ganhar força antes de meados de 2016", afirmou.

Na sua avaliação, a tentativa de consumidores de evitar a inadimplência em financiamento de bens ou imóveis pode diminuir ainda mais o consumo, impactando a produção de embalagem.

Por outro lado, o dólar mais elevado ante o real pode trazer algum benefício com a substituição de importações no setor, mas somente a médio prazo.

As importações de embalagem no primeiro semestre caíram 17,95 por cento, a 332,7 milhões de dólares, ante os primeiros seis meses de 2014, ao passo que as exportações recuaram 7,16 por cento, a 290,7 milhões de dólares.

Por segmento, as embalagens de madeiras apresentaram o maior recuo na produção do primeiro semestre, de 14,47 por cento. Porém, as principais responsáveis pela queda na produção do setor foram as embalagens metálicas. Esse tipo de produto, que tem peso mais significativo para o setor, recuou 6,15 por cento após ter sido o único segmento com alta no primeiro semestre de 2014, de 4,81 por cento, favorecido pela demanda por bebidas gerada pela Copa do Mundo.

O segmento de papel, papelão e cartão teve queda na produção de 1,25 por cento de janeiro a junho, o de vidro teve variação negativa de 0,41 por cento e o de plástico perdeu 2,67 por cento.