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Governo central tem pior déficit primário para julho, de R$7,224 bi

27/08/2015 15h16

BRASÍLIA (Reuters) - O governo central (Tesouro, Banco Central e Previdência Social) registrou déficit primário de 7,224 bilhões de reais no mês passado, pior resultado para julho da série histórica iniciada em 1997, influenciado por queda na arrecadação e elevados gastos, cenário que complica ainda mais a vida da atual equipe econômica para atingir as metas.

No acumulado do ano até o mês passado, informou o Tesouro Nacional nesta quinta-feira, a economia feita para o pagamento de juros estava negativa em 9,05 bilhões de reais.

"A arrecadação está em queda e isso tem a ver com a atividade econômica e, mais uma vez, essa performance não mudou", afirmou o sceretário do Tesouro, Marcelo Saintive.

Em julho, a receita total do governo central somou 105,634 bilhões de reais, alta nominal de 4,4 por cento sobre um ano antes, sendo que a receita líquida --que desconta as transferências a Estados e municípios-- cresceu 3,3 por cento na mesma base de comparação, a 91,037 bilhões de reais. No ano a receita está em 733,350 bilhões de reais, 4,3 por cento maior em relação a período similar de 2014.

Em termos reais, descontando a inflação pelo IPCA, a receita líquida mostrou queda de 5,7 por cento e a total, de 4,7 por cento no período.

Com a economia enfraquecida, a arrecadação registrou retração real de 3,13 por cento, acumulado nos sete primeiros meses do ano queda de 2,91 por cento.

Também vem afetando as receitas o pagamento de dividendos por empresas estatais federais que, de janeiro a julho, somaram 3,365 bilhões de reais, 67,9 por cento inferiores ao verificado em igual período do ano passado. Em julho, não houve pagamento de dividendos.

A Petrobras era uma das principais pagadoras de dividendos, mas agora abalada pelas intensas investigações da operação Lava Jato, que investiga esquema de corrupção bilionário.

Ainda segundo o Tesouro, os gastos ficaram em 98,261 bilhões de reais em julho (+8,8 por cento sobre junho), somando 613,389 bilhões de reais nos primeiros sete meses do ano, 8,7 por cento acima do verificado em igual período de 2014. Em termos reais, houve queda mensal de 0,7 por cento e de avanço de 0,4 por cento anual.

Só em julho, o Tesouro registrou déficit primário de 1,727 bilhão de reais, a Previdência Social teve rombo de 5,671 bilhões de reais, enquanto o Banco Central teve superávit de 174,3 milhões de reais.

Com grande dificuldade em fechar as contas, o governo anunciou recentemente drástica redução da meta de superávit primário do setor público consolidado --governo central, Estados, municípios e INSS-- a 8,747 bilhões de reais neste ano, ou 0,15 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), contra 1,1 por cento do PIB previstos até então.

Mas mesmo essa meta menor depende da aprovação no Congresso de medidas que asseguram receita extra, como a regularização de ativos de brasileiros no exterior, em meio à persistente crise política entre Executivo e Legislativo.

Na eventualidade de não dispor de receita extra para cumprir a meta ajustada, o governo abriu a possibilidade de abater até 26,4 bilhões de reais do alvo deste ano o que, no limite, pode gerar novo déficit primário.

(Por Luciana Otoni)