FMI vê Brasil encolhendo em 2015 e 2016; só não é pior que Venezuela na América do Sul
SÃO PAULO (Reuters) - A economia brasileira vai encolher em 2015 e em 2016, fruto de condições políticas turbulentas que abalam a confiança dos agentes econômicos e de rápida queda nos investimentos, num desempenho que só não será pior do que o da Venezuela na América do Sul, segundo projeção do Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgada nesta terça-feira (6).
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil vai encolher 3% este ano, ante projeção de contração de 1,5% feita em julho. De acordo com seu relatório "Perspectiva Econômica Global", o FMI passou a ver retração de 1% em 2016, revertendo por completo a expectativa de crescimento de 0,7% de até então.
"No Brasil, a confiança de empresários e consumidores continua retraindo em grande parte pela deterioração das condições políticas, o investimento está diminuindo rapidamente e a necessidade de aperto na política macroeconômica está colocando pressão negativa dobre a demanda doméstica", afirmou o FMI.
A visão que o FMI tem do Brasil para os próximos dois anos só não é pior do que a que tem para a Venezuela, cujas estimativas para o PIB são de contração de 10% e 6% em 2015 e 2016, respectivamente.
O Brasil vai ter desempenho também pior do que a América do Sul no período, que deve encolher 1,5% e 0,3% no geral. A Argentina, ainda na visão do FMI, vai crescer 0,4% neste ano para depois encolher 0,7% em 2016.
As estimativas do FMI para a economia brasileira são semelhantes às de especialistas, com retração do PIB de 2,85% este ano e de 1% no próximo, segundo o mais recente boletim Focus, do Banco Central.
O país enfrenta grave crise política e econômica, que tem obrigado o governo da presidente Dilma Rousseff a adotar diversas medidas duras para tentar reequilibrar as contas públicas do país. Tudo isso em meio ao cenário de recessão e inflação elevada.
América Latina e Caribe vão encolher 0,3% em 2015, diz FMI
Para a América Latina e Caribe, o FMI calcula que a economia vai encolher 0,3% este ano e crescer 0,8% em 2016. Já para os mercados emergentes e economias em desenvolvimento como um todo, a expectativa é de crescimento de 4% este ano, acelerando o ritmo de expansão para 4,% em 2016.
Os números para as economias emergentes foram ajustados ligeiramente para baixo na comparação com as projeções feitas em julho, de expansão de 4,2% e 4,7%, respectivamente.
Segundo o FMI, o crescimento dos países emergentes em 2016 reflete principalmente a recessão menos profunda ou normalização parcial das condições em países com a situação econômica deteriorada em 2015 –como Brasil, Rússia e alguns países da América Latina e do Oriente Médio.
Além disso, efeitos da recuperação mais forte da atividade em economias avançadas e o afrouxamento das sanções ao Irã também devem influenciar nesse processo.
Inflação alta no Brasil
O FMI vê a inflação brasileira desacelerando em 2016, mas ainda longe do centro da meta, de 4,5% pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Este ano, os preços devem subir 8,9%, e 6,3% em 2016.
Na tentativa de conter a alta nos preços, o BC brasileiro já elevou a taxa básica de juros a 14,25% e argumenta que a manutenção da Selic nesse patamar por período prolongado é necessária para a convergência da inflação ao centro da meta no fim do próximo ano.
A projeção do FMI para a taxa de desemprego no Brasil este ano é de 6,6%, subindo para 8,6% em 2016. O Fundo projeta, ainda, que o déficit (saldo negativo) em conta corrente do Brasil ficará em 4% do PIB (produto Interno Bruto) neste ano, e em 3,8% em 2016.
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