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Lagarde, do FMI, vê equilíbrios difíceis de políticas

08/10/2015 12h00

Por Paul Carrel

LIMA (Reuters) - A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, pediu a autoridades globais nesta quinta-feira que sustentem o crescimento econômico enquanto também lidam com os riscos financeiros provenientes da provisão de dinheiro fácil em meio a um "mundo incerto e em rápida mudança".

Lagarde, ao apresentar a Agenda de Política Global na reunião anual do FMI, no Peru, disse que a recuperação nos Estados Unidos está em andamento e que a alta da taxa de juros norte-americana "está se aproximando" e vai apertar as condições globais de financiamento.

Mas acrescentou que a desaceleração da atividade econômica na China e a recente volatilidade do mercado estão tendo efeitos maiores do que o esperado na economia global.

Economias emergentes, que contribuíram para o crescimento mundial nos últimos anos, foram afetadas com força pela queda nos preços das commodities.

"As autoridades estão cada vez mais lidando com difíceis equilíbrio de políticas", disse Lagarde, pedido um misto cauteloso de políticas para sustentar a demanda econômica, enquanto também enfrentam riscos financeiros e economias em reforma para o crescimento futuro.

O FMI reduziu sua projeção de crescimento global para 3,1 por cento este ano e 3,6 por cento em 2016, segunda redução este ano mesmo depois de bancos centrais das principais economias industrializadas terem cortado as taxas de juros para perto de zero e gastarem 7 trilhões de dólares em programas de "quantitative easing" nos sete anos desde a crise financeira global.

Apesar dos riscos associados ao fornecimento de dinheiro barato pelos bancos centrais, Lagarde disse que a economia fraca e a inflação baixa justificam a continuidade de tais políticas monetárias nas principais economias avançadas, especialmente na zona do euro e no Japão.

O FMI pediu para o Fed esperar por mais sinais de recuperação antes de elevar os juros.

"A política fiscal precisa dar mais suporte onde as condições permitam", acrescentou ela, apontando para Alemanha e Holanda.

Lagarde e o Tesouro norte-americano já haviam pedido para a Alemanha estimular sua demanda doméstica como maneira de ajudar seus parceiros, mas suas mensagens foram amplamente rejeitadas por Berlim.

Sobre as economias emergentes, Lagarde disse que seu espaço para manobras políticas para ajudar a demanda está se estreitando, com os exportadores de commodities encarando um ajuste doloroso devido às crescentes vulnerabilidades financeiras, preços baixos de seus produtos e a deterioração das finanças públicas.

Sinalizando um risco para a perspectiva global, ela acrescentou que mercados emergentes e economias em desenvolvimento são particularmente vulneráveis às mudanças nos cursos globais já que enfrentam condições financeiras mais apertadas, desaceleração dos fluxos de capital e pressões cambiais.

"Isso poderia criar contágios para economias avançadas", disse ela.