Dólar dispara mais de 2% e bate em R$3,85 com China e incerteza política no Brasil
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar disparava mais de 2 por cento em relação ao real nesta terça-feira, refletindo a aversão ao risco nos mercados globais após números mistos sobre a economia chinesa e a apreensão dos investidores com eventual processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, que torna o ambiente político ainda mais conturbado.
Às 10:29, o dólar avançava 2,25 por cento, a 3,8433 reais na venda, chegando a 3,8524 reais na máxima do dia. Na semana passada, a moeda norte-americana acumulou queda de 4,74 por cento, maior baixa semanal desde o fim de 2011.
"A semana passada foi bastante positiva nos mercados externos, mas o humor virou hoje com os dados da China", disse o operador de uma corretora nacional, sob condição de anonimato, acrescentando que "a questão do impeachment vai ser o grande tema desta semana".
Uma queda mais forte nas importações da China, importante referência para investidores em mercados emergentes, em setembro deixou economistas divididos sobre a performance do setor comercial do país, apesar de as exportações terem caído menos que o esperado. Com isso, o dólar subia contra moedas como os pesos chileno e mexicano.
No Brasil, o cenário político conturbado também pressionava o câmbio. Segundo notícias veiculadas na imprensa brasileira, a oposição deve apresentar nesta terça-feira aditamento ao pedido de impeachment de Dilma para acrescentar argumento de que o governo manteve neste ano as chamadas pedaladas fiscais que levaram à reprovação das contas de 2014 pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
Havia expectativa de que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), possa dar resposta sobre o pedido de abertura de um processo de impedimento nesta terça-feira, mas o cenário ainda era bastante turvo. Ainda mais após a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki de conceder liminar suspendendo decisões de Cunha sobre o impeachment levantadas por questões de ordem pela oposição.
"A semana começa quente em Brasília", resumiu o operador da corretora SLW João Paulo de Gracia Correa.
Nesta manhã, o Banco Central dará continuidade à rolagem dos swaps cambiais que vencem em novembro, com oferta de até 10.275 contratos, que equivalem a venda futura de dólares.
(Por Bruno Federowski)
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