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Dólar salta mais de 3% e encosta em R$3,90, com preocupações políticas e exterior

Por Bruno Federowski
Imagem: Por Bruno Federowski

13/10/2015 17h14

Por Bruno Federowski

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar disparou mais de 3 por cento e encostou em 3,90 reais nesta terça-feira, fechando a sessão com a maior alta diária em mais de quatro anos, refletindo as fortes incertezas em torno da eventual abertura de processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff e o ambiente de aversão a risco nos mercados externos.

O dólar avançou 3,58 por cento, a 3,8935 reais na venda, maior avanço diário desde 21 de setembro de 2011, quando subiu 3,75 por cento. Na máxima da sessão, foi a 3,8962 reais. Na semana passada, a moeda norte-americana havia acumulado perdas de 4,74 por cento.

"O cenário local está muito nebuloso, muito incerto. Isso faz o mercado assustar", disse o superintendente de câmbio da corretora Intercam, Jaime Ferreira.

O Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu nesta terça-feira liminares que, na prática, seguram momentaneamente o desenvolvimento de eventual processo de impeachment de Dilma, que ganha mais tempo em meio à intensa disputa política que trava no Congresso.

Se a decisão do STF não interfere no poder do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de deliberar sobre os pedidos do impeachment, na prática deixa incerto o plano da oposição de apresentar recurso em plenário para eventual rejeição de Cunha ao pedido de impeachment, como era o script elaborado pelos oposicionistas.

A perspectiva de que o Congresso deve demorar para votar os vetos presidenciais que têm impacto sobre as contas públicas também provocou apreensão entre os investidores. O presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que "não é prudente" convocar sessão do Parlamento nesta semana para analisar os vetos, após tentativas de reunir deputados e senadores naufragarem na semana passada.

"A semana começa quente em Brasília", resumiu o operador da corretora SLW João Paulo de Gracia Correa.

A incerteza local somou-se ao mau humor nos mercados externos. Uma queda mais forte nas importações da China, importante referência para investidores em mercados emergentes, em setembro deixou economistas divididos sobre a performance do setor comercial do país, apesar de as exportações terem caído menos que o esperado. Com isso, o dólar subia cerca de 1 por cento contra moedas como os pesos chileno e mexicano.

O Banco Central deu continuidade nesta manhã à rolagem dos swaps cambiais que vencem em novembro, vendendo a oferta total de até 10.275 contratos, equivalentes a venda futura de dólares. Até agora, a autoridade monetária já rolou 4,094 bilhões de dólares, ou cerca de 40 por cento do lote total, que corresponde a 10,278 bilhões de dólares.