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Andrade Gutierrez fecha acordo na Lava Jato e aceita pagar R$1 bi, diz Folha

27/11/2015 17h38

SÃO PAULO (Reuters) - A Andrade Gutierrez fechou um pacto com a Procuradoria-Geral da República (PGR) no âmbito da operação Lava Jato e aceitou pagar multa de 1 bilhão de reais em acordos de leniência e delação que cobrem a empresa e seus executivos, afirmou reportagem do jornal Folha de S.Paulo nesta sexta-feira.

A construtora, uma das maiores do país, confessará que pagou suborno em contratos e negócios com as estatais Petrobras e Eletrobras e relacionados à Copa do Mundo de 2014, segundo a reportagem que não revelou como obteve a informação.

Uma fonte com conhecimento do assunto afirmou à Reuters que o presidente-executivo da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, está negociando um acordo com procuradores federais, mas não disse o que ele poderia revelar em troca de redução de pena.

Azevedo foi preso em junho e acusado de corrupção em julho.

A PGR se recusou a comentar a reportagem do jornal, e a Polícia Federal não respondeu a pedidos de comentário.

Procuradores em Curitiba assinaram acordos de leniência com quatro empresas, sem divulgar seus nomes. A Controladoria-Geral da União (CGU) e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) também negociam esses pactos com empresas.

Um porta-voz da CGU disse que a Andrade Gutierrez é uma das sete empresas de engenharia que negociam acordos de leniência para evitar que, no futuro, sejam impedidas de assinar contratos com o governo, mas que nenhum pacto ainda foi fechado.

A maior investigação de corrupção no país tem levado à prisão alguns dos políticos e empresários mais influentes do país ao longo dos últimos dois anos, mas não revelou muitas informações até agora sobre os custos elevados dos estádios da Copa do Mundo.

A Andrade Gutierrez, que se recusou a comentar o assunto, construiu a Arena Amazônia, em Manaus, e trabalhou nas reformas de estádios em Rio de Janeiro, Porto Alegre e Brasília.

O custo desses projetos de construção saltou de 2,5 bilhões de reais, com base em estimativas iniciais, para um montante final de 3,4 bilhões de reais, de acordo com o Contas Abertas, grupo que monitora os gastos públicos.

Os gastos com a preparação da Copa do Mundo foi dos motivos que desencadearam uma onda sem precedentes de manifestações populares em 2013, que levaram mais de um milhão de pessoas às ruas para protestar contra a corrupção e a precariedade de serviços públicos.

Os protestos ocorreram antes da operação Lava Jato, que revelou um amplo esquema de corrupção envolvendo políticos, empreiteiras e empresas estatais.

(Por Caroline Stauffer, reportagem adicional de Aluisio Alves e de Andrew Downie, em São Paulo; e de Anthony Boadle, em Brasília)