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Bovespa cai 2,7% e tem pior semana desde setembro por apreensão com cena política e fiscal

27/11/2015 18h19

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - A Bovespa fechou em forte queda nesta sexta-feira, pressionada pela apreensão de agentes financeiros com a deterioração política e fiscal no país, em sessão negativa para mercados emergentes em geral e com liquidez reduzida por sessão mais curta e entrecortada por feriado nos Estados Unidos.

O Ibovespa caiu 2,7 por cento, a 45.872 pontos, menor patamar desde 30 de outubro.

O giro financeiro totalizou 5,5 bilhões de reais, abaixo da média diária do ano de 6,79 bilhões de dólares.

Na semana, o índice de referência acumulou uma perda de 4,7 por cento, pressionado particularmente pela percepção de maior risco político. Foi o pior desempenho semanal desde o final de setembro.

Entre os componentes de pressão no mercado nesta sexta-feira, operadores citaram notícia da revista Época de que o senador Delcídio do Amaral (PT-MS), ex-líder do governo no Senado, começou a negociar uma delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR).

O senador foi preso na quarta-feira por suspeita de obstruir a operação Lava Jato, que investiga um esquema bilionário de corrupção que envolve a Petrobras.

O cenário fiscal também endossou a cautela, com agentes financeiros atentos à visita de representantes da agência classificação de risco Standard & Poor's no Brasil na próxima semana, conforme informações na mídia, em meio a novos dados negativos sobre contas públicas na semana.

Após o Congresso Nacional não votar nesta semana a alteração da meta de resultado primário de 2015, o governo federal vai editar na segunda-feira um decreto contingenciando mais de 10 bilhões de reais do orçamento deste ano, disse o Palácio do Planalto.

A piora da bolsa paulista ocorreu na sequência da abertura dos pregões em Nova York, com pressão do fluxo de saída de estrangeiros. Após seis sessões de entrada líquida de capital externo na Bovespa, a última quarta-feira registrou saída de 226 milhões de reais.

Em Wall Street, que fechou mais cedo nesta sexta-feira, o S&P 500 teve variação positiva de 0,06 por cento. O índice MSCI de mercados emergente caía 1,7 por cento.

DESTAQUES

=ITAÚ UNIBANCO caiu 2,65 por cento e BRADESCO recuou 3,67 por cento, respondendo pela maior pressão negativa no Ibovespa, ainda pressionados pelo aumento de incertezas com a prisão do banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, e com dados do Banco Central mostrando alta na inadimplência em outubro.

=BTG PACTUAL, que não faz parte do Ibovespa, recuou 3,59 por cento, no terceiro dia consecutivo de perdas, desde a prisão do seu controlador, André Esteves, na quarta-feira. A perda no período somou 26 por cento, reduzindo o valor de mercado da instituição financeira em pouco mais de 7,5 bilhões de reais. Na véspera, a taxa média de aluguel das units do BTG chegou a 41,99 por cento, a maior entre os papéis negociados na Bovespa. Na terça-feira, antes da prisão de Esteves, essa taxa estava em 17,51 por cento. Em comunicado a clientes nesta sexta-feira, o presidente interino do BTG Pactual, Pérsio Arida, disse que membros independentes do Conselho de Administração do grupo financeiro estão conduzindo avaliação sobre os fatos relacionados às alegações contra Esteves e reiterou que o "banco é sólido e encontra-se numa posição de robustez financeira.

=VALE fechou com as ações ordinárias em queda de 6,27 por cento e com as preferenciais de classe A em baixa de 5,78 por cento, retomando o viés negativo conforme os preços dos minério de ferro voltaram a recuar na China, bem como dados frustrantes sobre lucro de empresas chinesas. No final da tarde, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, informou que os governos federal e dos Estados de Minas Gerais e Espírito Santo irão entrar na segunda-feira com uma ação civil pública de reparação de danos no valor de 20 bilhões de reais contra a Vale, a anglo-australiana BHP Billiton e a Samarco para a compensação pelo rompimento de uma barragem de rejeitos em Mariana (MG).

=PETROBRAS fechou com as preferenciais em queda de 4,04 por cento, na esteira do declínio dos preços do petróleo e também afetada pelo aumento do risco político no país. As ações ordinárias recuaram 3,8 por cento.

=BRASKEM ficou entre as poucas altas do Ibovespa, com ganho de 1,14 por cento, amparada na forte alta do dólar sobre o real e perspectivas favoráveis para a petroquímica, principalmente no que diz respeito ao nível de endividamento. SUZANO PAPEL E CELULOSE e FIBRIA avançaram cerca de 0,6 por cento, também ajudadas pelo dólar, que saltou 2 por cento, superando 3,8 reais nesta sessão.