Fed eleva juros e cita recuperação dos EUA em andamento
Por Howard Schneider e Jason Lange
WASHINGTON (Reuters) - O Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, elevou os juros pela primeira vez em quase uma década nesta quarta-feira, sinalizando fé em que a economia norte-americana largamente superou as feridas da crise financeira de 2007 a 2009.
O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) elevou a faixa para sua taxa de juros em 0,25 ponto percentual, para entre 0,25 e 0,50 por cento ao ano, dando fim a um longo debate sobre se a economia dos EUA está forte o suficiente para aguentar custos de financiamento maiores.
"O Comitê julga que tem havido uma melhora considerável nas condições do mercado de trabalho este ano e está razoavelmente confiante de que a inflação subirá no médio prazo para sua meta de 2 por cento (ao ano)", disse o Fed no comunicado de sua decisão, que foi unânime.
O Fed deixou claro que a alta de juros foi uma tentativa de começar um ciclo de aperto "gradual" e que, ao decidir o próximo passo, colocará em destaque o monitoramento da inflação, que permanece muito abaixo da meta.
"Considerando a inflação atual abaixo da meta de 2 por cento, o Comitê vai monitorar com cuidado o progresso real e esperado a caminho da meta de inflação. O Comitê espera que as condições econômicas evoluam de forma a assegurar apenas aumentos graduais de juros", disse o Fed.
As novas projeções econômicas do Fed ficaram, de forma geral, inalteradas em relação a setembro, com a taxa de desemprego devendo cair a 4,7 por cento no próximo ano, quando a economia deve crescer 2,4 por cento.
A taxa de juros mediana apontada para 2016 permanece em 1,375 por cento, indicando quatro altas de 0,25 ponto percentual no próximo ano.
Para levar a taxa de juros do atual patamar de perto de zero para a faixa entre 0,25 por cento e 0,50 por cento, o Fed determinou a taxa de juros que paga aos bancos por excesso de reservas em 0,50 por cento e vai oferecer até 2 trilhões de dólares em compromissadas, um montante agressivo que mostra sua decisão de subir juros.
Os mercados financeiros esperavam a alta de juros nos EUA, diante de dados econômicos mostrando um crescimento do mercado de trabalho em um ritmo forte.
Pesquisa Reuters publicada em 9 de dezembro mostrava que a probabilidade de uma alta dos juros nesta quarta-feira era de 90 por cento, com economistas projetando a taxa de juros entre 1 e 1,25 por cento até o fim de 2016 e de 2,25 por cento até o fim de 2017.
O impacto sobre custos de empréstimos para empresas e famílias é incerto. Um dos assuntos que os membros do Fed vão monitorar de perto nos próximos dias é como taxas sobre hipotecas de longo prazo, empréstimos a consumidores e outras formas de crédito vão reagir à alta de juros, com intenção de não desacelerar a recuperação econômica, mas levar a política monetária de volta ao passo mais normal.
O Fed enfatizou que vai avançar de forma cautelosa em seu ciclo de aperto monetário. Isso foi o suficiente para levar a uma votação unânime sobre a decisão, mesmo com membros que haviam defendido publicamente um atraso na alta de juros juntando-se à chair do Fed, Janet Yellen, e a outros membros do colegiado.
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