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Wagner defende ministro da Fazenda "jeitoso" e diz que não sabe se Dilma já decidiu trocar Levy

18/12/2015 10h58

BRASÍLIA (Reuters) - O ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, disse nesta sexta-feira desconhecer se a presidente Dilma Rousseff já decidiu pela substituição do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, acrescentando que "quem banca a política econômica não é o ministro da Fazenda, é a presidente da República".

Wagner também reforçou que um ministro da Fazenda precisa ser "técnico", "político" e "jeitoso" para tratar de assuntos importantes, e que se a presidente entender que é preciso fazer mudanças no ajuste fiscal, será uma decisão dela.

"Quando você tem de trazer uma notícia que é dura, melhor que o mensageiro tenha de ser jeitoso... Mas eu não quero fazer nenhum juízo de valor sobre a atuação do ministro Levy”, afirmou o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner.

Fortes rumores de que Levy, defensor de ajustes fiscais austeros, estaria deixando o governo voltaram ao radar nesta semana. Segundo a mídia, ele teria dito na véspera aos integrantes do Conselho Monetário Nacional (CMN) que não estaria na próxima reunião, dando a entender que está deixando o governo. [nL1N1462G0]

"Quem bancou o ajuste fiscal foi a presidente Dilma, se agora ela entender que está na hora não de sair do ajuste, mas de modular o ajuste, aí é uma decisão pessoal dela", acrescentou ele. "Eu não sei sequer se ela já decidiu fazer a substituição."

Nesta semana, o governo buscou apoio no Congresso Nacional para reduzir a meta de superávit primário de 2016, com possibilidade de abatimento que a zeraria, posição contrária à de Levy, que defende ajustes fiscais mais austeros. O governo, no entanto, conseguiu apenas reduzir o alvo, de 0,7 a 0,5 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), mas sem abatimentos, em meio ao cenário recessivo do país.

Wagner deixou claro que um ministro da Fazenda teria de ser técnico e político ao mesmo tempo, e que não pode ser um "elefante em cristaleira".

"Quem tem de escolher o perfil é a presidente da República. Eu não gosto dessa separação de político e técnico. Eu brinco sempre que um técnico puro que for um elefante em cristaleira em seis meses cria muito problema para o governo e uma seda entre cristais que não resolva nada, não resolve a vida do governo", afirmou.

"Quem está em missão de ministro tem de ser técnico e político. Porque ele tem conversar com o parlamento, com empresário, com trabalhadores", acrescentou.

(Reportagem de Leonardo Goy; Texto de Patrícia Duarte)