IPCA
0,83 Mar.2024
Topo

Barbosa repete a investidores que foco da política econômica será ajuste fiscal

21/12/2015 13h00

BRASÍLIA (Reuters) - O novo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, reforçou nesta segunda-feira que a direção da política econômica continuará a mesma, após assumir o posto no lugar de Joaquim Levy, com foco no ajuste fiscal e redução da inflação, em meio à reação negativa do mercado sobre sua nomeação.

Em teleconferência em inglês com investidores nacionais e estrangeiros antes da sua posse oficial, marcada para às 17h, Barbosa repetiu o compromisso com a meta de superávit primário equivalente a 0,5 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2016 e defendeu diversas vezes a reforma da Previdência, considerada "crítica".

Segundo ele, o governo não quer apenas "mandar" a proposta da reforma da Previdência ao Congresso, mas sim aprová-la. Ele argumentou que há "consenso crescente" sobre a necessidade de inclusão do critério de idade mínima na concessão de aposentadorias.

Barbosa também defendeu a necessidade de haver reforma tributária.

A ideia de fazer uma teleconferência com investidores veio para tentar dissipar as desconfianças que a sua indicação à Fazenda alimentou, com temores de que o ajuste fiscal seria deixado de lado, mas não surtiu efeito imediato.

Durante sua fala, o dólar ampliou a alta e voltou ao patamar de 4 reais, enquanto a Bovespa ampliou a queda.

"O problema não foi o que ele disse, mas o que ele não disse", afirmou o estrategista de renda fixa da corretora Coinvalores, Paulo Celso Nepomuceno, para quem faltaram sinalizações mais incisivas de austeridade fiscal nas declarações de Barbosa.

"O discurso foi basicamente o mesmo de antes (de sexta-feira), mas o mercado está convencido de que as coisas vão mudar para pior."

A escolha de Barbosa, anunciada na sexta-feira, foi entendida como uma clara sinalização de que a presidente Dilma Rousseff pretende promover mudanças na política econômica. Barbosa tem pensamento mais alinhado ao de Dilma, com maior foco na retomada do crescimento em meio ao agravamento da recessão e da crise política.

Na teleconferência, no entanto, o ministro voltou a ressaltar por algumas vezes que o ajuste fiscal não muda, que o controle de gastos será feito e que o governo perseguirá a meta de superávit primário de 0,5 por cento em 2016. E que, para isso, todas as medidas necessárias serão tomadas.

A respeito do câmbio, o novo titular da Fazenda afirmou que a ação do governo visa reduzir a volatilidade, apontando que o câmbio flutuante é melhor para absorver choques.

Ele também defendeu as reservas internacionais do país, hoje na casa de 370 bilhões de dólares, como um seguro contra choques internacionais, avaliando que elas não devem ser usadas para financiar investimentos.

(Por Marcela Ayres)