BC entrou em novo ritmo de corte de juros, diz Ilan Goldfajn
DAVOS, Suíça, 18 Jan (Reuters) - O Banco Central entrou em um novo ritmo de corte de juros, afirmou nesta quarta-feira (18) o presidente do BC, Ilan Goldfajn, destacando que a redução de 0,75 ponto percentual adotada na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) representa este novo padrão.
Durante entrevista coletiva em inglês no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, ele ressalvou, por outro lado, que a intensidade dos cortes nos juros básicos pode mudar em função de fatores como expectativas de inflação, projeções e nível da atividade econômica.
Na semana passada, o BC surpreendeu ao reduzir a taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual, a 13% ao ano, intensificando o ritmo de afrouxamento monetário para além do esperado pelo mercado diante de sinais de retomada econômica mais demorada após dois anos de profunda recessão.
No comunicado, o BC já havia citado que um "novo ritmo de flexibilização" havia sido estabelecido, diante da inflação mais disseminada, expectativas de inflação ancoradas e atividade econômica aquém do esperado.
"A decisão de intensificar foi baseada nas evidências dos últimos meses que basicamente nos apontaram que poderíamos bancar não apenas 0,50 ponto percentual, mas 0,75", disse Ilan.
Mercado de dólar
Questionado sobre as intervenções da autoridade no câmbio, Ilan afirmou que isso tem sido feito por meio dos swaps, que são apoiados pelo grande volume de reservas internacionais que o país detém.
Depois da volta ao mercado de câmbio na véspera após ausência de mais de um mês, nesta quarta-feira o BC dá prosseguimento aos leilões de swaps tradicionais --equivalentes à venda futura de dólares--, com oferta de até 12 mil contratos para rolagem do vencimento de fevereiro.
"Nós os utilizamos para prover liquidez em momentos de estresse. A primeira linha de defesa (da economia) é o câmbio", disse.
O dólar operava em alta sobre o real nesta manhã, em sintonia com o desempenho da moeda norte-americana no exterior.
Recuperação econômica
Também presente à entrevista, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que economia brasileira será bastante atraente para investidores em função de sua recuperação, acrescentando ter recebido muitas manifestações de interesse no país durante conversas no Fórum.
Meirelles disse enxergar melhoria nos fundamentos econômicos brasileiros e que esse processo seguirá em curso.
"Agora estamos em recuperação, a economia está começando a crescer e a tendência é que investidores tenham mais oportunidades", afirmou.
"Nas conversas que tivemos aqui durante os últimos dias no Fórum, recebemos a indicação de várias grandes companhias que têm investimentos no Brasil de que agora estão pensando em investir substancialmente mais", completou o ministro.
Segundo Meirelles, a equipe econômica deverá revisar em cerca de 10 dias sua expectativa para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) em 2017, que por ora segue em 1%, contrastando com expectativa de apenas 0,5% do mercado, segundo boletim Focus mais recente.
(Reportagem de Sujata Rao; Texto de Marcela Ayres; Edição de Patrícia Duarte e Camila Moreira)
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