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Palavra de ordem no Congresso é evitar contaminação da agenda de reformas com lista de Fachin

12/04/2017 14h07

BRASÍLIA, 12 Abr (Reuters) - Um dia após a divulgação da lista de políticos a serem investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) com base nas delações de executivos da Odebrecht, o discurso corrente no Congresso era que a agenda de reformas não deve ser contaminada pelas atividades do Judiciário.

Ainda que haja um impacto no andamento do cronograma dos trabalhos --diante de uma natural maior ausência de citados entre os alvos de inquérito--, a ideia é não perder o foco e não permitir prejuízos de conteúdo nas principais medidas do governo que tramitam no Legislativo.

“Tem que ter sangue frio, focar nas reformas, não perder o foco do que o Executivo e o Congresso têm que fazer, e ir administrando a navegação em um novo ambiente”, disse à agência de notícias Reuters o líder da maioria na Câmara, Lelo Coimbra (PMDB-ES), nesta quarta-feira (12).

“Se formos fazer esse paralelo com a navegação, o mar ficou revolto, mas o objetivo de chegar ao destino é o mesmo. As condições de navegação mudaram um pouco. Vamos ter que ajustar os equipamentos”, disse.

Segundo o líder, não deve haver impacto no conteúdo das principais medidas, já que o parecer da reforma trabalhista já estava concluído --sendo apresentado nesta quarta-- e o texto da reforma da Previdência está na reta final das negociações.

Na mesma linha, o líder do DEM, Efraim Filho (PB), afirmou nesta manhã que não é hora de “paralisia” no Congresso.

“A pior resposta neste momento seria a omissão, seria a inércia”, disse o líder a jornalistas. “O Congresso tem que ter maturidade e serenidade para separar as duas agendas. A agenda da Lava Jato correrá na Justiça, que é o fórum adequado.”

Na terça-feira, o relator da operação Lava Jato no STF, ministro Edson Fachin, autorizou a abertura de 76 inquéritos contra ministros de Estado, governadores, e parlamentares --incluindo os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), e relatores de medidas prioritárias do governo no Congresso, caso do relator da reforma da Previdência, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA).

Em nota divulgada na manhã desta quarta, Oliveira Maia afirma que não há acusação direta contra ele, mas “apenas a alegação e suposta irregularidade na prestação de contas” da campanha eleitoral de 2010. O deputado reiterou que todas as doações foram declaradas e aprovadas pela Justiça Eleitoral.

Ainda na terça-feira, o presidente da Câmara afirmou que o processo irá “comprovar que são falsas as citações dos delatores e os inquéritos serão arquivados”. Também defendeu que o Ministério Público e a Justiça façam seu trabalho, e que o Congresso cumpra “seu papel institucional de legislar”.

O presidente do Senado, por sua vez, afirmou por nota que “a verdade prevalecerá” e que a “Justiça brasileira tem maturidade e firmeza para apurar e distinguir a verdade das mentiras”. Pouco antes de soltar a nota, em conversa com jornalistas, afirmou que a pauta na Casa será tocada “com naturalidade”.

(Reportagem de Maria Carolina Marcello; Edição de Alexandre Caverni)

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