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Itália precisa se "acalmar" e parar de questionar o euro, diz Draghi

13/10/2018 16h13

Por Francesco Canepa

NUSA DUA, Indonesia (Reuters) - Autoridades italianas precisam parar de questionar o euro e se “acalmar” no debate orçamentário, pois já causaram danos a empresas e famílias, disse o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, neste sábado.

Um membro importante da coalizão que governa a Itália respondeu que é Draghi quem precisa se acalmar em vez de atrair atenção para comentários ocasionais sobre o euro, que refletiam opiniões pessoais, sem implicações para políticas governamentais.

O governo italiano está em uma guerra de palavras com autoridades europeias sobre seus planos de triplicar o déficit no ano que vem, recuando em relação a promessas anteriores de reduzir o buraco orçamentário no país, que é um dos mais endividados do bloco.

“Uma expansão orçamentária em um país com alta dívida fica muito mais complicada ... se as pessoas começam a questionar o euro”, disse Draghi em uma entrevista coletiva na reunião anual do Fundo Monetário Internacional (FMI), na Indonésia.

“Essas declarações ... criaram um dano real e há muita evidência que os spreads cresceram por causa dessas declarações”, disse Draghi. “O resultado é que famílias e empresas estão pagando mais juros em empréstimos.”

Os rendimentos dos títulos italianos cresceram este mês depois que um oficial sênior de um partido governista disse que a Itália estaria melhor com sua própria moeda, embora ele tenha depois reiterado as garantias frequentes do governo de que abandonar o euro não está na agenda e nem há planos de fazê-lo.

“A primeira coisa a ser feita é acalmar o tom. E a segunda coisa é esperar os fatos”, disse Draghi, sublinhando a necessidade de examinar o atual plano de gastos, que pode ser diferente daquele comunicado pelo governo. 

Alberto Bagnai, um senador da liga de direita que lidera o comitê financeiro do Senado, disse que o próprio Draghi arriscava agitar os mercados chamando a atenção para raras opiniões pessoais sobre a moeda única, que não eram política do governo.