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Petrobras quer vender 8 refinarias, reduzir fatia na BR e negociar postos no Uruguai

Marta Nogueira

26/04/2019 19h34

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O Conselho de Administração da Petrobras aprovou nesta sexta-feira novas diretrizes para a gestão do portfólio de ativos da companhia, considerando a venda de oito refinarias, de sua rede de postos no Uruguai e de participação adicional na BR Distribuidora, segundo fato relevante ao mercado.

Juntas, as refinarias que devem ser negociadas somam capacidade total de 1,1 milhão de barris de petróleo por dia, disse a Petrobras, acrescentando que no caso da BR Distribuidora encontra-se estudo realização de oferta secundária de ações (follow-on).

As novas orientações sobre os desinvestimentos são parte do processo de elaboração do Plano de Negócios e Gestão 2020-2024 da petroleira, que afirmou que o documento deve ser aprovado e divulgado no quarto trimestre.

Os ativos de refino incluídos no programa de desinvestimento serão Abreu e Lima (Rnest), Unidade de Industrialização do Xisto (Six), Refinaria Landulpho Alves (Rlam), Refinaria Gabriel Passos (Regap), Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), Refinaria Isaac Sabbá (Reman) e Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (Lubnor).

Mais cedo, a Reuters publicou que o conselho da Petrobras havia aprovado uma revisão do plano de negócios, prevendo estudos para venda de refinarias e a privatização da BR Distribuidora, reduzindo a participação da estatal na companhia dos atuais 71,25% para até 40%, segundo duas fontes a par das negociações.

A Reuters também havia adiantado que as refinarias dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro ficariam fora do plano de vendas.

As refinarias que a Petrobras disse nesta sexta-feira que pretende vender ficam em Pernambuco, Paraná (duas unidades), Bahia, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Amazonas e Ceará.

Em um plano anterior para a área de refino, lançado ano passado, ainda sob outra gestão, a empresa previa a venda de 60% da participação em ativos de refino e logística no Nordeste e Sul do país.

Mas o atual presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, vinha defendendo a venda de refinarias inteiras desde pouco após sua posse, como parte de um plano de desinvestimentos mais ousado, que busca deixar a empresa mais focada em petróleo e gás natural, além de contribuir com a redução de sua dívida.

Atualmente, a companhia é responsável por quase 100% da capacidade de refino do Brasil.

Se o novo plano for adiante, a Petrobras irá se desfazer tanto de sua mais nova refinaria quanto da mais antiga do Brasil, ambas no Nordeste.

A Rlam, a mais antiga, foi construída em 1950, "impulsionada pela descoberta do petróleo na Bahia e pelo sonho de uma nação independente em energia", segundo informações no site da Petrobras.

Já a mais nova, Rnest, iniciou operações em 2014, após longas polêmicas. Inicialmente, havia uma previsão de que a petroleira venezuelana PDVSA fizesse parte do projeto, em acordo com o então presidente Hugo Chávez, mas a parceria não avançou.

Posteriormente, em meio a atrasos e estouros no orçamento, os contratos para a construção da refinaria ainda foram foco de investigações da operação Lava Jato.

"Os projetos de desinvestimento das refinarias, além do reposicionamento do portfólio da companhia em ativos de maior rentabilidade, possibilitarão também dar maior competitividade e transparência ao segmento de refino no Brasil", disse a Petrobras no fato relevante.

A empresa não revelou prazos para definir a venda dos ativos anunciados e pontuou que os processos vão seguir a sistemática de desinvestimentos da companhia.

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