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Com reservas diminuindo, Argentina fixa piso para peso

Getty Images
Imagem: Getty Images

Jorge Otaola e Walter Bianchi

em Buenos Aires (Argentina)

31/10/2019 17h32

O Banco Central da Argentina está estabelecendo um piso para o volátil peso, na esperança de evitar uma queda acentuada da moeda local depois da vitória da oposição, na eleição passada, ter levado o país firmemente de volta para a esquerda.

O peso subiu nesta quinta-feira para 59,68 por dólar, com a autoridade monetária oferecendo a moeda norte-americana no mercado de câmbio à cotação fixa de 59,99 pesos por dólar, efetivamente colocando um piso na moeda.

Os mercados argentinos foram mantidos no limbo após a eleição geral de domingo enquanto investidores aguardam sinais do presidente eleito Alberto Fernández sobre a direção futura da terceira maior economia da América Latina.

Um porta-voz do líder peronista de centro-esquerda disse que Fernández viajaria para o México na sexta-feira e retornaria em meados da semana seguinte, na sua primeira viagem ao exterior desde que foi eleito.

Fernández enfrentará uma série de desafios econômicos quando assumir o cargo, em dezembro, incluindo a proteção de reservas e o enfrentamento de crescentes dívidas, em meio a negociações complexas com credores e o Fundo Monetário Internacional (FMI).

O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steven Mnuchin, disse na quarta-feira que os EUA esperam que ele mantenha o compromisso do país com os termos de um programa de empréstimos do FMI, de 57 bilhões de dólares, acordado no ano passado com o conservador Mauricio Macri.

O presidente eleito terá que equilibrar os compromissos com o FMI ao lidar com níveis crescentes de pobreza, que aumentaram em meio ao mal-estar econômico. Manifestantes marcharam na quinta-feira no centro de Buenos Aires para protestar contra medidas de austeridade de Macri e do FMI, sob o slogan "a dívida está com o povo, não com o FMI".

As autoridades também estão se apressando para conter um forte declínio das reservas internacionais, depois de a autoridade monetária ter gasto cerca de 22 bilhões de dólares para defender o peso desde que Macri, considerado pró-mercado, ter sido fortemente derrotado nas eleições primárias de 11 de agosto.

Credores do país dizem que aumentam temores de que as reservas podem se esgotar, mesmo em meio à tentativa do governo de reestruturar cerca de 100 bilhões de dólares em dívida soberana.