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Novo CEO da Boeing assume com missão de resolver crise do 737 MAX

David Shepardson

Em Washington (EUA)

13/01/2020 09h55

O novo presidente-executivo da Boeing, David Calhoun, assume o cargo hoje enquanto a fabricante norte-americana de aviões luta para se recuperar de dois acidentes com sua aeronave 737 MAX, que mataram 346 pessoas e fizeram o avião ser suspenso em todo o mundo em março.

Calhoun, 62 anos, um diretor de longa data da Boeing nomeado presidente do conselho em outubro após o colegiado remover Dennis Muilenburg do cargo, foi nomeado presidente-executivo em 23 de dezembro em meio a crescentes preocupações sobre o relacionamento da empresa com os reguladores e a maneira como lidou com a crise do 737 MAX.

A Boeing estimou os custos da suspensão da aeronave em mais de US$ 9 bilhões até o momento e deve divulgar custos adicionais significativos durante a apresentação do balanço financeiro do quarto trimestre em 29 de janeiro. A Boeing enfrenta custos crescentes por interromper a produção do MAX este mês, compensando as companhias aéreas pelos voos perdidos e dando assistência à sua cadeia de fornecimento. A empresa também está considerando aumentar mais dívidas.

Calhoun, executivo de longa data do grupo de private equity Blackstone e diretor de crises corporativas, já está trabalhando para reparar os relacionamentos da empresa com reguladores, companhias aéreas e parlamentares. Anteriormente, ele comandou uma divisão da General Electrics que incluía motores de avião.

Na semana passada, o conselho e o presidente-executivo interino inverteram o curso e recomendaram aos reguladores a exigência de treinamentos em um simulador para os pilotos antes de retomarem as operações do 737 MAX. Os diretores também autorizaram a divulgação de mais de cem páginas de mensagens internas prejudiciais que mostravam os esforços da empresa para evitar o oneroso treinamento em simuladores em meio a perguntas preocupantes sobre sua cultura corporativa.

Em um email, um funcionário disse que o 737 MAX foi "projetado por palhaços que, por sua vez, são supervisionados por macacos". Uma fonte próxima a Calhoun disse ontem que era importante que os funcionários vissem os emails, que a Boeing descreveu na semana passada como "completamente inaceitáveis".

Calhoun quer "se livrar da cultura da arrogância" na Boeing que levou às mensagens escritas por um pequeno número de funcionários e garantir que os funcionários "se responsabilizem", disse a pessoa.

Na sexta-feira (10), o conselho aprovou um salário anual de US$ 1,4 milhão para Calhoun e uma compensação de longo prazo de US$ 26,5 milhões se ele atingir algumas metas, incluindo o retorno ao serviço do 737 MAX.

A Reuters informou que a FAA não deve aprovar o retorno do MAX até pelo menos fevereiro ou, potencialmente, março ou mais tarde. As companhias aéreas dos EUA cancelaram os voos do MAX até o início de abril ou depois disso.