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Itaú corta previsão do PIB de 2,2% para 1,8% e estima Selic em 3,75%

"Há sinais de desaceleração maior que a esperada" no primeiro trimestre de 2020, disse o banco em relatório - Getty Images/iStockphoto
"Há sinais de desaceleração maior que a esperada" no primeiro trimestre de 2020, disse o banco em relatório Imagem: Getty Images/iStockphoto

José de Castro

06/03/2020 16h37

SÃO PAULO (Reuters) - O Itaú Unibanco reduziu suas projeções para o crescimento da economia brasileira e para a taxa de juros em 2020, citando sinais de arrefecimento da atividade econômica em meio à desaceleração global.

O banco agora prevê que o PIB (Produto Interno Bruto) aumentará 1,8% em 2020, ante estimativa anterior de 2,2%.

"Há sinais de desaceleração maior que a esperada" no primeiro trimestre de 2020, disse o banco em relatório divulgado hoje. "Além disso, o arrefecimento da economia global deve ter efeitos negativos sobre o crescimento do Brasil", acrescentou.

Nesta semana, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que o PIB brasileiro cresceu apenas 1,1% em 2019, pior resultado em três anos.

Mas o banco manteve a expectativa de expansão do PIB em 3,0% em 2021. "O estímulo monetário adicional deve levar a taxa de juros real para próximo de 0%, o que deve ter impacto positivo sobre o crédito privado e manter o cenário de aceleração da atividade no ano que vem", disse.

O menor crescimento econômico em 2019, porém, influenciará o rumo do juro. O Itaú cortou as projeções para a Selic ao fim de 2020 (de 4,25% para 3,75%) e 2021 (de 4,50% para 4,00%). A Selic está atualmente em 4,25% ao ano, mínima recorde.

Para a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) neste mês, o Itaú espera redução de 0,25 ponto percentual, enquanto alguns no mercado veem diminuição de 0,50 ponto.

"No contexto atual, acreditamos que cortes de magnitude maior [do que 0,25 ponto] poderiam elevar o risco de aperto das condições financeiras e, assim, atuar de forma contraproducente. Esse risco, no entanto, dependerá de forma importante do ritmo de afrouxamento monetário em economias centrais", afirmou.

Mesmo vendo a Selic mais baixa, o banco manteve o prognóstico para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) em 3,5%, abaixo do centro da meta perseguida para o Banco Central neste ano (3,75%).

Na visão do Itaú, o principal risco à inflação é a taxa de câmbio, embora, por enquanto, a queda dos preços das commodities mitigue "parte relevante" do efeito da depreciação cambial. "Mesmo assim, não é prudente considerar que o repasse cambial seguirá limitado independentemente da magnitude da depreciação cambial", avaliou.

O dólar já subiu 15,49% em 2020 frente ao real, batendo sucessivos recordes históricos nominais. O Itaú, porém, manteve expectativa de que a moeda fechará 2020 e 2021 em R$ 4,15.

Para o banco, o "elevado nível de incerteza" na economia global e o menor apetite por risco devem conter o fluxo de capitais a economias emergentes, deixando a moeda brasileira pressionada.

"No entanto, à medida que o choque resultante da epidemia do coronavírus for se dissipando, a aversão ao risco global deve reduzir e a economia doméstica deve acelerar, abrindo espaço para apreciação do real", disse o Itaú, que calcula que o dólar deveria estar "mais perto de R$ 4" considerando o preço de outros ativos brasileiros e moedas emergentes.