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Mercosul pode acelerar acordos comerciais com saída da Argentina das negociações

Alberto Fernández, presidente da Argentina - Gonzalo Fuentes/Reuters
Alberto Fernández, presidente da Argentina Imagem: Gonzalo Fuentes/Reuters

27/04/2020 18h35

A decisão da Argentina de deixar as negociações de novos acordos comerciais do Mercosul não foram lamentadas pelo governo brasileiro, que vê na desistência do país vizinho a possibilidade de acelerar novos acordos, disseram à Reuters fontes do governo brasileiro.

"Por um lado facilita muito as negociações. No fundo a gente estava com mochila de pedras nas costas tentando carregar para negociação. E isso desde o Macri (Maurício, ex-presidente da Argentina), que mesmo com o discurso mais liberal não facilitava as coisas", disse à Reuters uma das fontes em condição de anonimato.

O país informou aos demais integrantes do Mercosul na sexta-feira que não participaria das próximas negociações de acordos comerciais do bloco —estão em curso conversas com Canadá, Japão, Vietnã e Coreia do Sul— , se mantendo apenas nos acordos já fechados, com União Europeia e a Associação Europeia de Livre Comércio (Efta).

O governo argentino alega que a situação interna e externa da sua economia, a situação social do país e o que esperam que o mundo vá se tornar depois da epidemia de coronavírus o levam a outra opção econômica.

A avaliação das fontes brasileiras é que a crise causada pelo coronavírus vai potencializar uma crise econômica que a Argentina já enfrenta e a tendência do governo é centrar suas atenções nas negociações com o FMI e outros credores.

Já os governos brasileiro, uruguaio e paraguaio vêem nas ampliações dos acordos comerciais um meio de revitalizar as próprias economias frente à crise.

"A decisão foi um presente dos argentinos", disse uma das fontes. "A Argentina volta ao seu veio de olhar para dentro para resolver suas questões."

Perguntado sobre se o fato de os argentinos desistirem dos novos acordos pode diminuir o atrativo do Mercosul para novos parceiros econômicos, um das fontes, que acompanha as negociações, diz não acreditar nisso.

"Veja o tamanho da economia do Brasil. As indicações que temos é que a Argentina, em crise, perdeu também um pouco de credibilidade externa. Alguns parceiros prefeririam inclusive negociar apenas com o Brasil", disse.

A decisão argentina não impede que, no futuro, o país decida entrar nos acordos comerciais fechados nesse momento, diz a fonte. Mas, será em outros termos.

"Aí é uma adesão, sem negociar termos. É a penalidade de se retirar agora das negociações", explicou a fonte.