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Setor de serviços cresce abaixo do esperado em julho e sofre para se recuperar de pandemia

Setor de serviços cresce abaixo do esperado em julho e sofre para se recuperar de pandemia - Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier
Setor de serviços cresce abaixo do esperado em julho e sofre para se recuperar de pandemia Imagem: Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier

Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier

São Paulo e Rio de Janeiro

11/09/2020 09h01

O setor de serviços brasileiro registrou em julho o segundo mês consecutivo crescimento, mas iniciou o terceiro trimestre abaixo das expectativas e ainda longe de recuperar as perdas em razão da pandemia de coronavírus.

O volume de serviços apresentou em julho alta de 2,6% na comparação com o mês anterior, depois de avanço de 5,2% em junho em dado revisado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de ganho de 5,0% informado antes, refletindo o relaxamento das medidas de isolamento contra a covid-19.

Esses resultados representam um ganho acumulado nos dois meses de 7,9% depois de quatro perdas seguidas, quando as perdas chegaram a 19,8%.

Além disso, a leitura divulgada pelo IBGE hoje ficou abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters de alta de 3,1%.

Na comparação com julho de 2019, o setor de serviços teve queda de 11,9%, quinta taxa negativa seguida, mostrando que as perdas por causa das medidas associadas quarentena para contenção da covid-19 ainda se perpetuam sobre um dos mais importantes setores da economia.

Pesquisa da Reuters apontava expectativa de recuo de 10,4% na comparação anual.

Diferentemente da indústria e do comércio, o setor de serviços vem mostrando a maior lentidão em se recuperar dos efeitos da pandemia, que começaram a ser sentidos no final de março — a queda vista em fevereiro é considerada conjuntural. As atividades que envolvem atendimento presencial são as mais afetadas, segundo o IBGE.

"O setor de serviços ainda se encontra 12,5% abaixo de fevereiro de 2020 e a 22,2% do pico", disse o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo, explicando que para retornar ao nível de fevereiro o setor como um todo tem que crescer 14,3%, sendo que somente aqueles prestados as famílias precisam avançar 130,5%.

"A presença das pessoas é necessária e por isso serviços reagem mais devagar que industria e comércio. E enquanto a economia tiver dificuldade, teremos uma reação mais lenta do setor de serviços."

No segundo trimestre, os serviços tiveram perdas históricas de 9,7%, contribuindo fortemente para a contração de 9,7% do PIB no período.

Em julho, quatro das cinco atividades de serviços pesquisadas apresentaram expansão de volume. Os destaques foram os avanços de 2,2% em serviços de informação e comunicação e de 2,3% de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio. Mas ambos ainda estão longe de recuperar as perdas anteriores no ano.

"O setor de tecnologia da informação é o mais dinâmico e resiliente entre as atividades de serviços; mesmo nos momentos de crise... o setor tem mostrado capacidade de se recuperar muito rápido", disse Lobo.

"Em relação à pandemia, não está entre os setores mais impactados como aqueles que dependem de atendimento presencial, a exemplo dos serviços prestados às famílias por hotéis e restaurantes."

Lobo ainda explicou que os ganhos em transportes se devem principalmente ao transporte rodoviário de carga.

Os demais foram de serviços profissionais, administrativos e complementares (2,0%) e de outros serviços (3,0%). O único resultado negativo em julho foi em serviços prestados às famílias, com queda de 3,9% em julho depois de crescer 12,2% entre maio e junho.

O índice de atividades turísticas, por sua vez, cresceu em julho 4,8% frente ao mês anterior, na terceira taxa positiva seguida, acumulando no período ganho de 36,1%.

O segmento de turismo havia acumulado perda de 68,1% entre março e abril devido ao forte impacto do isolamento social, principalmente em transporte aéreo de passageiros, restaurantes e hotéis.